Uma equipe de médicos que ajudou um homem paraplégico a
voltar a andar transplantando células de sua cavidade nasal para sua
espinha dorsal anunciaram estar buscando novos pacientes para poderem
demonstrar que seu avanço não foi circunstancial.
Os médicos declararam nesta quarta-feira (22) que irão procurar pela
internet voluntários com lesões semelhantes à de seu paciente, o polonês
Dariusz Fidyka, que ficou paralisado do peito para baixo depois de ser
esfaqueado nas costas pelo ex-marido de sua companheira em 2010. Agora
ele consegue andar com a ajuda de uma armação.
“Para os próximos estágios de nossa pesquisa, precisaremos de pacientes
que sofreram uma lesão na espinha dorsal causada por um objeto
pontiagudo, como uma faca ou uma machadinha”, disse Wlodzimierz
Jarmundowicz, neurocirurgião de Breslávia, cidade do oeste da Polônia,
que fez parte da equipe polonesa-britânica que tratou Fidyka.
“A pequena luz no fim do túnel acendeu, mas precisamos repetir o
procedimento em dois ou três pacientes, e aí veremos”, afirmou
Jarmundowicz em uma coletiva de imprensa em Breslávia.
Site vai buscar voluntários
Os médicos planejam criar um site em polonês e outro em inglês para
buscar voluntários, porém o endereço ainda não foi divulgado.
A técnica, descrita como um avanço por um estudo na publicação "Cell
Transplantation", envolveu o transplante das chamadas células olfativas
revestidoras para a espinha dorsal do paciente e a construção de uma
“ponte de nervos” entre as duas extremidades da coluna vertebral
danificada.
A pesquisa pioneira foi liderada por Geoffrey Raisman, professor do
instituto de neurologia do University College de Londres, que trabalhou
com cirurgiões do hospital da Universidade de Breslávia.
Cedo demais para conclusões
Entretanto, especialistas da área alertaram que o sucesso com um
paciente faz com que seja cedo demais para concluir que o tratamento
pode ter benefícios de larga escala.
Em alguns casos, os pacientes podem
perceber uma evolução significativa nas funções simplesmente por causa
da reabilitação e da passagem do tempo, argumentaram.
Fidyka compareceu de cadeira de rodas à coletiva de imprensa, na qual
os feitos sobre sua mobilidade restaurada foram transmitidos aos médicos
em apresentações de vídeo.
Visivelmente surpreso pela enorme atenção que seu caso atraiu, ele se
desculpou pela voz rouca, que atribuiu às conversas com jornalistas.
Ele lembrou como, em 2011, um ano depois de ser apunhalado, marcou sua
primeira consulta com o doutor Pawel Tabakow, membro da equipe que mais
tarde o tratou. “Ele ficou de cabelo em pé – não esperava um paciente
com uma lesão daquela”, contou Fidyka.
“Agora consigo movimentar minha perna esquerda, tenho mais
sensibilidade na direita, sinto calor e frio, funções fisiológicas e
sexuais diferentes estão voltando. Poderia viver sozinho em um
apartamento. Com certas modificações, poderia dirigir.”
“Há altos e baixos, mas está tudo indo na direção certa”, completou.
Fonte: G1
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