O professor Carlos Roberto Sousa e Silva está indignado por não ter conseguido votar no primeiro turno das eleições de 2014, em São Carlos
(SP), por causa da sua deficiência motora.
Ele teve que justificar no
segundo turno, no último domingo (26), já que a Escola Estadual Arlindo
Bittencourt não tem acessibilidade para pessoas com deficiência.
“Foi
constrangedor. Fiquei chateado com a situação, e agora vou ser obrigado a
justificar meu voto”, relatou. Ele ainda reclama da falta de
informações sobre acessibilidade nas eleições.
Silva disse que essa foi primeira vez que isso ocorreu. Uma síndrome
neuromotora acometeu o professor em março, e, segundo ele, ficou com
dificuldades para se locomover. Porém, com o passar dos meses, a doença
foi se agravando e o deixou em uma cadeira de rodas.
“Eu não imaginei
que isso fosse acontecer. Eu nunca precisei usar uma cadeira de rodas
antes, então quando cheguei pra votar me disseram que seria impossível
já que minha sala não era no térreo e eu teria que subir dois lances de
escadas”, contou.
Falta de informação
No local, ele foi informado que deveria ter avisado até o dia 7 de maio
que estava impossibilitado de subir escadas, para que ele fosse
transferido para uma zona especial no térreo.
Como isso não ocorreu,
Silva não teve outra saída e voltou para casa sem exercer o direito.
“Me
culparam por eu não ter avisado antes. Com tantas propagandas
informativas eu nunca tinha ouvido falar disso, acho que deveria ser
algo de fácil entendimento já que qualquer pessoa está submetida a
passar por imprevistos”, comentou.
A chefe do Cartório Eleitoral da 410ª Zona de São Carlos, Meri Cristina
Piveta Deangelo, informou que qualquer pessoa tem 150 dias antes das
votações para avisar o cartório sobre qualquer dificuldade para subir
escadas, para que o título seja transferido para uma sessão especial.
“Caso a pessoa não nos informe até a data prevista, fica registrado no
sistema que o título dela consta na urna tal, da sessão tal. Não tem
como transferir isso de última hora, é inviável por ser uma regra”,
explicou.
Após esse prazo, somente depois das eleições, no dia 10 de novembro, é
que Silva e qualquer outra pessoa poderá regularizar o título. “Fiquei
indignado e sei que têm muitos que passaram pelo mesmo que eu por não
saber desta informação.
Triste também por ser uma escola que não oferece
a seus alunos esse tipo de acessibilidade, seja rampas ou elevadores,
penso que deveria ser o primeiro local para a inclusão”, finalizou.
Acessibilidade
A chefe de Divisão de Políticas e Atendimentos ao Idoso e Pessoa com
Deficiência de São Carlos, Sônia de Matteo Ferraz, disse que nesses
casos não há o que ser feito, já que a maioria das escolas estaduais são
prédios antigos e, por isso, não oferecem o suporte necessário.
“As
escolas municipais já são mais inclusivas, mas as estaduais é complicado
mesmo até para um idoso”.
Ainda de acordo com Sônia, há leis que exigem que todo e qualquer
estabelecimento público seja acessível.
“São movimentos fracos porque
ninguém faz nada, então geralmente as leis são prorrogadas ou revogadas.
O nosso conselho discute muito isso e teoricamente muitos lugares
deveriam ser adequados aos deficientes”, informou.
Em São Carlos, há seis colégios adaptados para permitir a inclusão nas
eleições. Ao todo, são 51 eleitores com deficiência nos cartórios da
cidade. Em Araraquara, o número é de 129. Já em Rio Claro, 234 eleitores
têm deficiência. Os números podem ser maiores, já que alguns eleitores
não declaram sua condição para a Justiça Eleitoral.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
afirma que foram feitas campanhas de divulgação sobre transferências
para seções especiais. Sobre as escolas estaduais sem acessibilidade, a
Secretaria Estadual de Educação informou que os prédios atendem os
padrões estabelecidos.
Fonte: G1
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