Sem enxergar, homens e mulheres de cinco países da América Latina disputaram nesta semana o 1º Campeonato Panamericano de Xadrez por Equipes para Deficientes Visuais em Bertioga, no litoral de São Paulo. Além de praticarem o esporte, eles conheceram as belezas naturais e históricas da região.
Enxadristas da Bolívia, Argentina, Colômbia e Panamá participaram da
competição, que aconteceu no Hotel Riviera Bertioga, no bairro Cantão do
Indaiá. Foram 39 competidores disputando títulos por equipe e por dupla
feminina.
O xadrez para pessoas com deficiência visual existe desde a década de
50 na Europa. No Brasil, as competições são organizadas pela Federação Brasileira de Xadrez para Deficientes Visuais (FBXDV), filiada à Internacional Braille Chess Association (IBCA).
“O Campeonato Panamericano por Equipes acontece pela primeira vez na
América Latina”, enfatiza o presidente da federação, Januário Couto, que
pratica o esporte desde pequeno.
Esse xadrez conta com um tabuleiro diferente, que geralmente é feito de
forma artesanal. Toda casa possui um orifício e toda peça possui um
pino de encaixe.
Cada peça tem também um pino na parte de cima, assim, é
possível diferenciar as brancas das pretas. As áreas brancas do
tabuleiro são em alto relevo, para distinguí-las das pretas.
“Cada
competidor joga com um tabuleiro à parte e todo o jogo é cantado,
falado. Por exemplo, eu falo E4 e faço o movimento no meu tabuleiro, e o
adversário no dele. É como o jogo batalha naval”, explica Januário.
O relógio que marca o tempo da competição também é diferente. “Esse
nosso relógio tem um fone de ouvido, com o qual ouvimos o nosso tempo,
sem consultar o árbitro. A maioria de nós tem esse relógio”, relata.
Sidnei Silveste da Silva, de 36 anos, é de São Caetano e joga xadrez há
seis anos. “A única regra que difere o xadrez convencional do nosso é
que, para a gente, peça levantada é peça jogada. Sou obrigado a jogar
com ela”, explica. Os três melhores do Panamericano concorrerão a uma
bolsa do Ministério do Esporte.
Além de competir, os enxadristas puderam aproveitar o tempo livre
visitando as atrações turísticas de Bertioga. “O município nos deu apoio
e se adequou às nossas necessidades”, comenta Januário.
Os jogadores tiveram à disposição os programas Praia Acessível,
Verlejando e Ecocaiaque, atividades ao ar livre praticadas nas areias da
Praia do Indaiá, especialmente para deficientes.
“Todas as manhãs, os
competidores ficaram livres para curtir a praia e os pontos turísticos
da cidade”, conclui Sidnei.
Fonte: G1
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