
A questão da acessibilidade para pessoas com deficiência é trabalhada na USP
há mais de uma década.
Desde o ano 2000, pela Lei nº 10.098, todas as
vias, espaços públicos, edifícios, meios de transporte e de comunicação
brasileiros devem ser acessíveis a todos os cidadãos.
Nesses anos,
muitas intervenções foram feitas na universidade, de pisos táteis a rampas e elevadores.
No entanto, alunos cadeirantes ainda enfrentam dificuldades para se deslocar pelo campus da capital.
“Eu não consigo andar sozinha por aqui. Sempre preciso de uma amiga, alguém para me ajudar”, declara Maiara Barreto, aluna do sexto ano da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF).
“Eu não consigo andar sozinha por aqui. Sempre preciso de uma amiga, alguém para me ajudar”, declara Maiara Barreto, aluna do sexto ano da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF).
“Já passei por muitas
dificuldades nesse sentido, e acredito que outros cadeirantes também
tenham passado”.
Maiara sofreu um acidente de moto que a deixou tetraplégica em 2009, quando já cursava a faculdade, e teve que trancar o curso. Quando voltou, em 2010, percebeu os problemas que enfrentaria.
Segundo ela, os principais são os buracos nas calçadas. A via precisa estar lisa para a cadeira deslizar, mas em muitos lugares não é o que acontece.
Maiara sofreu um acidente de moto que a deixou tetraplégica em 2009, quando já cursava a faculdade, e teve que trancar o curso. Quando voltou, em 2010, percebeu os problemas que enfrentaria.
Segundo ela, os principais são os buracos nas calçadas. A via precisa estar lisa para a cadeira deslizar, mas em muitos lugares não é o que acontece.
“Fica muito difícil. A rodinha da frente enrosca e a gente
corre o risco de cair para frente”, explica. O caminho do estacionamento
exclusivo para deficientes da FCF até o edifício é cheio de
irregularidades pelas quais Maiara não consegue passar sozinha.
A aluna comenta também que muitas obras feitas e iniciativas tomadas
não são adequadas. Alguns banheiros, por exemplo, são de fácil acesso,
mas pecam em outros quesitos.
“Eu consigo entrar, mas não dá para fechar
a porta da cabine ou lavar as mãos. Falta estrutura para isso, como
barras de apoio”.
As rampas que dão acesso aos blocos da Fármacia são
outro problema. Sua inclinação não permite que Maiara suba sem ajuda.
Até o Serviço de Transporte Interno oferecido pela Prefeitura, que
possibilita a deficientes locomotores a utilização de veículos especiais
para transportá-los nas dependências do campus, apresenta imperfeições.
“Eles não atendem aos requisitos mínimos de segurança. Há cinto para o
cadeirante, mas não um que amarre a cadeira à kombi. Isso é perigoso”,
diz a aluna.
Buscando melhorias
Mônica Guimarães ingressou na USP neste ano. Cursa o primeiro ano de
Letras na Faculdades de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) e
está na cadeira de rodas desde que nasceu.
Como possui dificuldades de
coordenação motora, não se desloca sozinha. Sua mãe, Maria Isabel, a
acompanha todo dia à faculdade.
Mãe e filha contam que enfrentaram problemas para chegar ao segundo
andar do prédio da Letras no começo do ano. “O elevador não estava
funcionando. Para a Mônica subir ao piso superior a gente tinha que ir
pelo prédio da Filosofia e Ciências Sociais, ao lado, usar o elevador
para chegar no patamar acima para só então ir para a Letras”, relata
Maria Isabel.
O problema só foi resolvido quando entraram em contato com
a administração da faculdade e, em menos de uma semana, o conserto do
elevador foi providenciado.
O direito à acessibilidade no campus deve ser assegurado pela
Prefeitura e pela Superintendência do Espaço Físico (SEF), sendo que
ambos respondem a notificações do Grupo de Atuação Especial de Educação
do Ministério Público (Geduc) sobre o assunto.
A atuação da SEF abrange a
sistematização da construção de edificações, suas reformas e expansões,
enquanto a Prefeitura se encarrega dos ambientes externos aos
edifícios.
Porém, para Maria Isabel, falta maior proximidade entre os responsáveis
pela administração na área e os que necessitam desse tipo de serviço.
“Seria interessante se, no dia da matrícula, já nos falassem das
possibilidades que existem para deficientes, se há um setor que cuida
desse assunto para nos assessorar”, sugere. Mônica explica que teve que
correr atrás para entender melhor a política da Universidade a respeito
do assunto. “Fui tentando me encontrar através dos amigos e fuçando na
Internet”.
Segundo Maiara Barreto, porém, a impressão que fica é de que a maioria
das obras só é realizada quando quem necessita dos serviços entra em
contato com as instituições responsáveis.
“Eu acho que a USP precisa
trabalhar melhor sua política de acessibilidade”, declara. “Eu já
consegui várias pequenas mudanças, mas estou brigando por elas há quatro
anos. No começo recebi muitos nãos. É algo desestimulante.”
O Jornal do Campus entrou em contato com a SEF e o Geduc e não obteve respostas. Já a Prefeitura não quis se pronunciar a respeito do assunto.
O Jornal do Campus entrou em contato com a SEF e o Geduc e não obteve respostas. Já a Prefeitura não quis se pronunciar a respeito do assunto.
Mudança cultural
O Programa USP Legal, criado em 2001 pela Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária (Prceu), encarrega-se de integrar as pessoas com deficiência ao ambiente universitário.
Para tanto, atua na difusão de
informações relativas à acessibilidade, seja ela física ou virtual, além
do levantamento de dados acerca dessa temática, a partir de estudos e
depoimentos da comunidade uspiana.
Para Ana Maria Barbosa, responsável pelo programa, a acessibilidade
deve ser encarada como uma atitude e integrar medidas que não se
direcionem somente ao ambiente físico.
A abrangência da acessibilidade,
segundo ela, deve chegar até ambientes virtuais, sociais e pedagógicos.
“Não basta uma rampa, se não houver um piso tátil conduzindo a pessoa
que não enxerga. Não basta um elevador com aviso sonoro, se o aluno
chegar à sala de aula e não tiver material didático adaptado”, afirma.
“Apesar de todas as leis federais, normas de adequação arquitetônica e
recursos existentes, é preciso que a acessibilidade figure no horizonte
da sociedade como algo indispensável”, aponta Ana Maria.
Para ela, a
acessibilidade plena só se fará possível por meio de uma mudança
cultural, em que a cultura da diversidade mostre os seres humanos como
pessoas diferentes, mas respeitadas.
“Não vamos tornar a universidade
acessível da noite para o dia. As condições atuais são melhores, se
comparadas com as de três anos atrás, mas não são ideais. Ainda estamos
anos-luz de distância. Assim, o que se cobram são projetos a curto,
médio e longo prazo”, finaliza.
Preciso de ajuda sou de Fortaleza-CE e faço aula de musica
ResponderExcluirno SESI e não tem acessibilidade, já levei o caso a coordenação,
continua do mesmo jeito.
Meu e-mail.
andre_supao@hotmail.com
supapo
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