21 de jul. de 2014

Cuidador: uma profissão cada vez mais valorizada e necessária

 

Em um País com um número cada vez maior de idosos e de pessoas com deficiência, uma ocupação se faz cada vez mais necessária: o cuidador


No censo de 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), estima-se que o Brasil possui mais de 46 milhões de pessoas com deficiência mais quase 21 milhões de pessoas com mais de 60 anos de idade. No entanto, a atividade ainda não está regulamentada como profissão.


Atualmente, há um Projeto de Lei (4702/12), que regulamenta a profissão, que já foi aprovado pelo Senado, mas ainda tramita na Câmara dos Deputados. Hoje, é uma ocupação reconhecida pelo Ministério do Trabalho, por meio da Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) – código 5162-10.


Ana ClaudiaAmparados pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), os cuidadores tem como função principal o dever de zelar pelo bem-estar, tanto físico quanto emocional do assistido. 


“Este profissional precisa estar atento a todas as necessidades da pessoa, e da sua família. Ele é o responsável direto pelo bem-estar, saúde, alimentação, higiene pessoal, educação, cultura, recreação e lazer do assistido”, explica Ana Claudia Quaglio, gerente de operações e expansão da Home Angels, empresa especializada em oferecer serviços de assistência para pessoas com diversas necessidades.


Como a profissão ainda não é regulamentada, não há a exigência legal de uma formação para se trabalhar na área. 


No entanto, empresas e instituições que trabalham com assistência têm exigido que os cuidadores tenham feito cursos e possuam ensino fundamental.


“Além disso, os recrutadores pedem boa aparência, boa fluência verbal, cordialidade e experiência em cuidados de pessoas”, aponta Ana Claudia. 


No entanto, existem outras características que, inegavelmente, são fundamentais para os profissionais desta área.


“O cuidador tem que ter equilíbrio emocional, boas condições físicas, ser responsável, ser calmo para lidar com situações de emergência, saber ouvir, saber agir e tomar resoluções rápidas, e buscar conhecimentos por meio de cursos e palestras e reconhecer seu limite, buscando ajuda sempre que necessário”, afirma Jorge Roberto Afonso de Souza Silva, presidente da Associação de Cuidadores de Idosos do Estado de Minas Gerais (ACI-MG)


Tudo isso para cumprir um papel muito importante, para não dizer quase fundamental, na vida de pessoas com deficiência, idosos, ou outras pessoas que necessitam deste tipo de serviço.


O papel deste profissional é fundamental no dia a dia dos assistidos. “Ele auxilia nas atividades diárias como, banho, alimentação, passeios, locomoção, hidratação. No entanto, é bom reforçar que o bom cuidador faz apenas aquilo que a pessoa, realmente, não tem condições de fazer sozinha. O cuidador deve estimular a independência da pessoa assistida”, reforça Jorge Roberto. 


Ana Claudia também acredita que o cuidador deve ter o dom de entender e perceber como o assistido é, como ele se mostra, quais são seus gestos e falas, sua dor e limitações. 


“Percebendo isso, o cuidador tem condições de desempenhar sua função de forma individualizada, levando em consideração as particularidades e necessidades da pessoa a ser cuidada. Há que se levar em conta as questões emocionais, a história de vida, os sentimentos e emoções da pessoa”, aponta Ana Claudia.


E são essas questões que mais marcam a vida pessoal e profissional de muitos cuidadores. 


É isso que nos contaram duas cuidadoras: Juliana Cristina de Barros Gonçalves e Joana D´Arc Moreira de Assis.
Joana D´Arc 

“Escolhi ser cuidadora porque gosto de trabalhar com gente e exercitar o lado mais humano. É preciso gostar muito de atuar com pessoas, ter muita paciência. Alguns idosos já estão fora da realidade e nem conseguem se expressar direito, o que dificulta nosso trabalho. Trabalhar com pessoas com deficiência, geralmente, é mais fácil que com idosos”, conta Juliana Cristina Gonçalves. 


Já Joana D´Arc escolheu ser cuidadora quando sua mãe faleceu. “Desde menina, eu gosto de conversar com pessoas mais velhas. 


Depois que minha mãe morreu, acabei me separando e passei a cuidar de uma senhora. Foi assim que vi que eu, realmente, gosto de ser cuidadora. Isso já faz 13 anos”, lembra Joana D´Arc de Assis.
 
Ambas são encantadas pela profissão que escolheram. Cristina diz que é grata por poder proporcionar para alguém aquilo que gostaria de receber, quando for mais velha: bons cuidados. 


No entanto, afirma que não tem como não se emocionar e envolver com as várias histórias que conhece, principalmente de seus assistidos. “Principalmente, quando essas pessoas nos deixam”, diz. Joana também se emociona com essas perdas. 


“São muitas histórias marcantes. Todos marcam de uma forma diferente. Mas, uma marcou mais. Perdi um assistido bem na minha frente. Tive que viajar durante um tempo para depois poder retomar minha vida. Mas é uma profissão gratificante e traz muitos aprendizados. Nós pensamos que sabemos tudo, mas são eles que nos ensinam muito, de diversas formas, principalmente, na emocional. Tive sorte de atuar com pessoas muito carinhosas”, orgulha-se Joana.


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