A Sociedade Fluminense de Fotografia recebe, pela primeira vez, um curso de fotografia para pessoas com deficiência visual.
O curso já acontece em São Paulo e começa na sede da entidade, em Niterói,
região metropolitana do Rio, na próxima quarta-feira (10), com duração
de dois meses, ao ritmo de uma aula de três horas por semana.
Na
palestra de apresentação do curso, a professora Shay Lima disse que o
objetivo é ensinar a pessoa com deficiência visual a fotografar,
explorando os próprios sentidos e percepções do mundo.
“É ele quem vai fotografar. A metodologia do curso é participativa,
todo mundo contribui com conhecimento, seja prévio sobre fotografia ou
mesmo sobre a vida. Essa construção é feita através de dinâmica,
materiais táteis, para que ele possa ter uma percepção por meio do tato,
trazendo para a teoria, sobre o que é determinado enquadramento,
primeiro plano, segundo plano”, disse Shay, que já trabalha com a
temática há cinco anos.
Shay explica que a prática é feita a partir da descrição dos
espaços e da imagem, e o fotógrafo decide quando dar o clique. “O fato
de ele ter deficiência visual não significa que não tenha percepção do
que está ao redor. Então existe essa construção da imagem, que é
diferente da nossa, mas ela existe, e é isso que a gente vai trabalhar”.
Para ela, o ato de fotografar dá autonomia para a pessoa com
deficiência, que passa a registrar as próprias experiências e a
compartilhar as suas percepções.
“O que leva qualquer pessoa a
fotografar é você querer guardar momentos, experiências, seja o
crescimento de um filho, festas, um casamento, reunião com os amigos,
viagem. Mesmo ele não tendo acesso visual a essas fotos, alguém que ver
essas fotos vai compartilhar com ele por palavras. É uma lógica de
transformar imagens em palavras”.
Fonte: EBC
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