A iniciativa surgiu em Pernambuco como um projeto de mestrado em engenharia de software no Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife.
No dia 28 de janeiro, o Can Game ganhou o prêmio de Cidadania Mundial no concurso Imagine Cup 2014, promovido anualmente pela Microsoft.
Para saber detalhes sobre o jogo, a coluna Geração Gamer conversou com
Eraldo Martins Guerra Filho (34), da startup Life Up, responsável pela
criação.
Como foi o desenvolvimento da ideia
“A pesquisa começou no ano de 2011. Nela, nós envolvemos educadores,
psicólogos e outros especialistas para debater a proposta por quatro
meses. Depois, o software foi desenvolvido entre seis e oito meses. Por
fim, testamos o jogo com crianças autistas. Lançamos o produto em feiras
científicas, iniciação científica e eventos médico”, afirma Eraldo, que
coordena o game.
A integração foi a regra durante todo o
desenvolvimento da ideia dentro da Life Up, sem separar nenhum membro da
equipe por parte do trabalho.
E quantas pessoas realmente botaram a mão na massa dentro do jogo?
Eraldo responde: “Eu convidei alguns alunos da Escola Técnica Estadual
Professor Agamemnom Magalhães (Etepam) para lançar este produto.
A
iniciativa começou com dois alunos e hoje são sete. Eu aplico, no
projeto, a metodologia Scrum, por isso não há pessoas especializadas em
partes específicas do jogo. Todo mundo espalha e compartilha o
conhecimento para multiplicá-lo com todos. Dessa forma todos trabalham e
aprendem”.
Como funciona o jogo
Conectado no videogame ou em um computador, o Can Game funciona através
de quiz, perguntas e desafios que procuram estimular a criança
portadora de autismo. A cada acerto e erro, o game mapeia as atividades
motoras e lógicas do jogador.
Os resultados são enviados para os médicos
que tratam seus pacientes, procurando auxiliá-los em possíveis
diagnósticos.
“Esse jogo é importante pra criança brincar com seus pai e amigos. A
gente criou uma forma lúdica para tratar seu problema social e de saúde.
O jogo ensina a arrumar a casa, a importância da alfabetização e a como
tomar banho. O game mostra o que ela acertou ou errou e o que ela pode
melhorar. O importante é saber porque ela errou”, completa Eraldo
Martins Guerra Filho.
Por esse motivo, foi fundamental a ajuda de
especialistas de outras áreas, incrementando o jogo com novos recursos
como o Kinect.
Game premiado pela Microsoft
O concurso Imagine Cup existe desde 2003, há 11 anos. Dezenas de
milhares de estudantes competiram na categoria mundial da iniciativa,
segundo John Scott Tynes (42), gerente de competição da Microsoft.
“Os
desenvolvedores Indies já podem publicar automaticamente seus jogos nas
lojas do Windows e do Windows Phone. Em 2013, quando lançamos o Xbox
One, nós também anunciamos o ID@Xbox, nosso Programa de Publicação de
Desenvolvedores Independentes, que irá capacitar indies a publicar
automaticamente seus jogos para o console da nova geração. Também
fizemos grandes parcerias com empresas de tecnologia de jogos, como a
Unity, cujo motor dos games suporta a publicação em nossa loja de
aplicativos”, diz o organizador.
Ao vencer o Imagine Cup na categoria Cidadania Mundial com o Can Game, a
Life Up levou um prêmio de US$ 3 mil. Eraldo disse o que fará com o
prêmio:
“Como não temos patrocínio, nós temos despesas a quitar de
viagens para São Paulo e para o sul do Brasil. Se sobrar dinheiro, vamos
adquirir novos computadores e reinvestir em nossa startup”.
O desenvolvedor também explicou sobre o papel de seu game para crianças
autistas. “Jogar impede que essa criança passe constrangimento social
em atividades simples. É um jogo para incluí-la.
Há pesquisas que
afirmam que 24% da população tem deficiência física. Acreditamos nos
games para este mercado.
Temos dois projetos nessa área de deficiência
física: Atlantis Atlas, de turismo acessível; e o Doctor of Joy, que usa
o Kinect para ajudar crianças com problemas motores”, finaliza Eraldo,
que joga desde os 6 anos de idade, quando mexeu em um Odyssey, videogame
doméstico anterior ao Atari.
“A Life Up realmente fez o trabalho duro que esperávamos ver e sua
proposta demonstrou que eram apaixonados por ajudar as crianças. Eles
tinham um plano real para fazer o game para autistas acontecer”,
completou Tynes, dando a posição da Microsoft sobre o jogo brasileiro.
Fonte: TechTudo
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