Quatro anos atrás, devido a uma série de limitações decorrentes de um acidente de carro que a deixou paraplégica,
a estilista Michele Simões, de 32 anos, não conseguia nem ficar
sentada.
Agora, ela se prepara para superar seus limites e sair do país
sozinha com sua cadeira de rodas, para estudar inglês no Canadá e
relatar sua experiência a outras pessoas com deficiência.
Michele vai morar em Montreal – uma cidade com bastante acessibilidade,
segundo suas pesquisas em conjunto com a agência de viagens. “
O metrô
não é muito acessível, mas tem ônibus adaptados e até ônibus especiais
para levar cadeirantes que buscam a pessoa em casa”, afirma ela, que
também pretende visitar Toronto.
Para recebê-la melhor, a escola onde ela vai estudar pediu as medidas
de sua cadeira de rodas para colocá-la em uma mesa confortável e do
tamanho correto.
Ela vai se hospedar em um hotel que também está adaptado às suas
necessidades. “Alguns hotéis colocam um banquinho dentro da banheira e
dizem que são adaptados. No caso de uma lesão como a minha, em que não
tenho equilíbrio de tronco, é impossível tomar banho assim”,
exemplifica.
Em Boston, ela conheceu um hospital de reabilitação que é referência
mundial e fez outros passeios adaptados para contar no blog. Agora, um
dos lugares que ela quer conhecer no Canadá é um restaurante em que
todos os funcionários são surdos.
Ela também fará os programas
turísticos tradicionais, para mostrar o que é e o que não é adaptado.
“Quero ir como uma 'olheira', para mostrar o que dá para a gente fazer, o
que não dá. Quero motivar as pessoas a viajar”, diz.
Reabilitação intensa
Antes de conseguir encarar o desafio de sair do país, Michele passou
por um longo período de reabilitação – um trabalho que continua até
hoje.
Na época em que sofreu o acidente, em 2006, ela tinha 24 anos, era recém-formada em design de moda em Londrina (PR) e havia se mudado para São Paulo dois meses antes.
Estava deitada no banco de trás do carro e quebrou a coluna. “Eu já
trabalhava, me sustentava, me virava sozinha e, do dia para a noite,
virei um bebê. Tinha que pedir para alguém me ajudar em tudo”, contou.
A irmã, outros familiares e o namorado ajudavam nas tarefas diárias. A
evolução mais significativa só aconteceu quatro anos depois, após sessões diárias de várias horas de reabilitação em casa e em clínicas de
São Paulo e de Campinas.
Na viagem a Boston, ela redescobriu sua veia aventureira. A brasileira
diz que está “com frio na barriga” de ir sozinha para um lugar
desconhecido, mas que a vontade de se superar é maior.
“Tento buscar a
independência. Problema a gente sempre tem, andando ou não. Tento me
virar ao máximo sozinha e dar informações para encorajar as pessoas a se
jogar lá fora, a viajar”, afirma.
Fonte: G1
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