Menos de 5% das ruas do país têm rampas de acesso
para quem anda de cadeira de rodas.
A falta de acessibilidade em
Salvador levou um cadeirante a resolver o problema por conta própria.
O material de construção que José Wilson tem comprado
não é para casa dele.
Faz um ano que ele começou a gastar do bolso com
areia, brita e cimento para tapar buracos e construir rampas nas
calçadas, no bairro onde ele mora em Salvador.
“Tive que construir isso
para poder facilitar de andar na calçada. Senão, teria que andar no meio
da rua disputando espaço com os carros de alta velocidade, correndo
risco o tempo inteiro”, afirma o administrador de empresas, José Wilson
Lago.
Em um outro ponto José Wilson não fez só a rampa. Ele
mandou colocar barras para não sofrer com a falta de educação de muitos
motoristas. Tem gente que estaciona em frente aos acessos para
deficientes, e daí de nada adiantaria todo esse trabalho.
Ele já gastou mais de R$ 2 mil com serviços que, por
lei, deveriam ter sido feitos pelos donos dos imóveis, já que a
prefeitura só tem obrigação de fazer obras de acessibilidade nas praças e
outros espaços públicos. Mas José Wilson cansou de esperar.
“É uma
opção é uma falta de opção. Você tem que fazer se quiser se locomover”,
diz José Wilson.
É uma barreira a cada esquina para quem vive sobre
rodas: buracos, calçadas sem rampas e estreitas demais, faixas de
pedestres onde os cadeirantes não têm como descer.
A prefeitura diz que
nos últimos dois anos construiu 700 rampas nas praças e que os donos de
imóveis reformaram calçadas em 140 quilômetros de ruas. Mas admite: é
pouco.
“Sabemos que temos muito a fazer. A ideia nossa é
fazer 100 quilômetros por ano, estamos perseguindo esse objetivo e dando
ênfase para que nos próximos anos se amplie esse valor e se chegue a um
número ideal de acessibilidade na cidade de Salvador”, afirma o
secretário municipal de Mobilidade Fábio Mota.
A Associação Baiana dos Deficientes Físicos não aprova a atitude de
José Wilson. “Diria a ele até que nos procure para que a gente possa
ajudar o poder público. Para transformar essa ação individual em uma
ação coletiva”, diz a Associação Baiana de Deficientes Físico Luiza
Câmera.
Mas o administrador não quer parar por aí. “Nos
locais mais próximos, que possa melhorar o mínimo de acessibilidade para
mim, vou fazer com certeza, porque o cadeirante precisa sair de casa,
ele não pode ficar preso em casa”, conta José Wilson.
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