15 de jan. de 2013

Dislexia: Definição, Sinais e Avaliação


Definida como um distúrbio ou transtorno de aprendizagem na área da leitura, escrita e soletração, a dislexia é o distúrbio de maior incidência nas salas de aula. Pesquisas realizadas em vários países mostram que entre 05% e 17% da população mundial é disléxica.

Ao contrário do que muitos pensam, a dislexia não é o resultado de má alfabetização, desatenção, desmotivação, condição sócio-econômica ou baixa inteligência. Ela é uma condição hereditária com alterações genéticas, apresentando ainda alterações no padrão neurológico.

Por esses múltiplos fatores é que a dislexia deve ser diagnosticada por uma equipe multidisciplinar. Esse tipo de avaliação dá condições de um acompanhamento mais efetivo das dificuldades após o diagnóstico, direcionando-o às particularidades de cada indivíduo, levando a resultados mais concretos.
Sinais de Alerta.

Como a dislexia é genética e hereditária, se a criança possuir pais ou outros parentes disléxicos, quanto mais cedo for realizado o diagnóstico melhor para os pais, à escola e à própria criança. 

A criança poderá passar pelo processo de avaliação realizada por uma equipe multidisciplinar especializada (vide adiante), mas se não houver passado pelo processo de alfabetização o diagnóstico será apenas de uma "criança de risco".

Haverá sempre:


    dificuldades com a linguagem e escrita;
    dificuldades em escrever;
    dificuldades com a ortografia;
    lentidão na aprendizagem da leitura;

Haverá muitas vezes :


    disgrafia (letra feia);
    discalculia, dificuldade com a matemática, sobretudo na assimilação de símbolos e de decorar tabuada;
    dificuldades com a memória de curto prazo e com a organização;
    dificuldades em seguir indicações de caminhos e em executar sequências de tarefas complexas;
    dificuldades para compreender textos escritos;
    dificuldades em aprender uma segunda língua.

Haverá às vezes:


    dificuldades com a linguagem falada;
    dificuldade com a percepção espacial;
    confusão entre direita e esquerda.


Pré-Escola.

 
Fique alerta se a criança apresentar alguns desses sintomas:

    Dispersão;
    Fraco desenvolvimento da atenção;
    Atraso no desenvolvimento da fala e da linguagem;
    Dificuldade em aprender rimas e canções;
    Fraco desenvolvimento da coordenação motora;
    Dificuldade com quebra cabeça;
    Falta de interesse por livros impressos;

O fato de apresentar alguns desses sintomas não indica necessariamente que ela seja disléxica; há outros fatores a serem observados. Porém, com certeza, estaremos diante de um quadro que pede uma maior atenção e/ou estimulação.
Idade Escolar.

Nesta fase, se a criança continua apresentando alguns ou vários dos sintomas a seguir, é necessário um diagnóstico e acompanhamento adequado, para que possa prosseguir seus estudos junto com os demais colegas e tenha menos prejuízo emocional:

    Dificuldade na aquisição e automação da leitura e escrita;
    Pobre conhecimento de rima (sons iguais no final das palavras) e aliteração (sons iguais no início das palavras);
  Desatenção e dispersão;
  Dificuldade em copiar de livros e da lousa;
  Dificuldade na coordenação motora fina (desenhos, pintura) e/ou grossa (ginástica,dança,etc.);
  Desorganização geral: podemos citar os constantes atrasos na entrega de trabalhos escolares e perda de materiais escolares;
    Confusão entre esquerda e direita;
    Dificuldade em manusear mapas, dicionários, listas telefônicas, etc...
    Vocabulário pobre, com sentenças curtas e imaturas ou sentenças longas e vagas;
    Dificuldade na memória de curto prazo, como instruções, recados, etc...
    Dificuldades em decorar sequências, como meses do ano, alfabeto, tabuada, etc..
    Dificuldade na matemática e desenho geométrico;
    Dificuldade em nomear objetos e pessoas (disnomias) Troca de letras na escrita;
    Dificuldade na aprendizagem de uma segunda língua;
    Problemas de conduta como: depressão, timidez excessiva ou o "palhaço da turma";
    Bom desempenho em provas orais.

Se nessa fase a criança não for acompanhada adequadamente, os sintomas persistirão e irão permear a fase adulta, com possíveis prejuízos emocionais e consequentemente sociais e profissionais.

 
Adultos.

Se não teve um acompanhamento adequado na fase escolar ou pré-escolar, o adulto disléxico ainda apresentará dificuldades:

    Continuada dificuldade na leitura e escrita;
    Memória imediata prejudicada;
    Dificuldade na aprendizagem de uma segunda língua;
    Dificuldade em nomear objetos e pessoas (disnomia);
    Dificuldade com direita e esquerda;
    Dificuldade em organização;

Aspectos afetivos emocionais prejudicados, trazendo como consequência: depressão, ansiedade, baixa auto estima e algumas vezes o ingresso para as drogas e o álcool.

DIAGNÓSTICO
.

 
Os sintomas que podem indicar a dislexia, antes de um diagnóstico multidisciplinar, só indicam um distúrbio de aprendizagem, não confirmam a dislexia. E não pára por aí, os mesmos sintomas podem indicar outras situações, como lesões, síndromes e etc.

Como diagnosticar a dislexia?
 
Identificado o problema de rendimento escolar ou sintomas isolados, que podem ser percebidos na escola ou mesmo em casa, deve se procurar ajuda especializada.

Uma equipe multidisciplinar, formada por Psicóloga, Fonoaudióloga e Psicopedagoga Clínica deve iniciar uma minuciosa investigação. Essa mesma equipe deve ainda garantir uma maior abrangência do processo de avaliação, verificando a necessidade do parecer de outros profissionais, como Neurologista, Oftalmologista e outros, conforme o caso.

A equipe de profissionais deve verificar todas as possibilidades antes de confirmar ou descartar o diagnóstico de dislexia. É o que chamamos de AVALIAÇÃO MULTIDISCIPLINAR e de EXCLUSÃO.

Outros fatores deverão ser descartados, como déficit intelectual, disfunções ou deficiências auditivas e visuais, lesões cerebrais (congênitas e adquiridas), desordens afetivas anteriores ao processo de fracasso escolar (com constantes fracassos escolares o disléxico irá apresentar prejuízos emocionais, mas estes são conseqüências, não causa da dislexia).

Neste processo ainda é muito importante tomar o parecer da escola, dos pais e levantar o histórico familiar e de evolução do paciente.

Essa avaliação não só identifica as causas das dificuldades apresentadas, assim como permite um encaminhamento adequado a cada caso, por meio de um relatório por escrito.
Depois de Diagnosticada a Dislexia.

Sendo diagnosticada a dislexia, o encaminhamento orienta o acompanhamento consoante às particularidades de cada caso, o que permite que este seja mais eficaz e mais proveitoso, pois o profissional que assumir o caso não precisará de um tempo para identificação do problema, bem como terá ainda acesso a pareceres importantes.

Conhecendo as causas das dificuldades, o potencial e as individualidades do indivíduo, o profissional pode utilizar a linha que achar mais conveniente. Os resultados irão aparecer de forma consistente e progressiva.

Ao contrário do que muitos pensam, o disléxico sempre contorna suas dificuldades, encontrando seu caminho. Ele responde bem a situações que possam ser associadas a vivências concretas e aos múltiplos sentidos. O disléxico também tem sua própria lógica, sendo muito importante o bom entrosamento entre profissional e paciente.

Outro passo importante a ser dado é definir um programa em etapas e somente passar para a seguinte após confirmar que a anterior foi devidamente absorvida, sempre retomando as etapas anteriores. É o que chamamos de sistema MULTISSENSORIAL e CUMULATIVO.

Também é de extrema importância haver uma boa troca de informações, experiências e até sintonia dos procedimentos executados, entre profissional, escola e família.


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