A Câmara dos Deputados aprovou, nesta quinta-feira
(5), a Lei Brasileira de Inclusão de Pessoas com Deficiência. Conhecido
como Estatuto da Pessoa com Deficiência, o texto cria normas para
garantir acessibilidade, transporte, moradia e atendimento de saúde
específico para pessoas com algum tipo de deficiência
.
Entre as novidades, o texto estabelece que 3% das
casas construídas pelos programas de habitação do governo sejam
destinadas às pessoas com deficiência.
Além disso, o Estatuto prevê
ainda o pagamento de um auxílio-reclusão às pessoas com deficiência
grave ou moderada. Quanto a esse trecho, no entanto, lideranças do
governo no Congresso já sinalizaram que pode haver veto do Planalto.
Na Câmara, o projeto teve a relatoria da deputada
Mara Gabrilli (PSDB-SP), que ficou tetraplégica após sofre um acidente
de carro.
A deputada recebeu vários elogios e foi cumprimentada pelos
colegas em plenário pela dedicação no trabalho de garantir os direitos
das pessoas com deficiência.
Mudanças no texto
Após a aprovação do texto-base, a Câmara apreciou os
destaques, que são propostas de modificação de algum ponto específico do
projeto.
O primeiro destaque apreciado, apresentado pelo PRB,
pedia a retirada do texto de um inciso que garantia o respeito à
identidade de gênero e à orientação sexual nos serviços de atendimento à
saúde para pessoas com deficiência.
O deputado Ronaldo Fonseca (PROS-DF) subiu na tribuna
para defender o destaque e a retirada do inciso do texto. Segundo ele,
manter essa especificidade daria privilégio aos homossexuais.
-- Se o homossexual já é deficiente, o que já é uma
perda muito grande, ele já está sendo atendido aqui no Estatuto. Pessoas
com deficiência é qualquer uma. Por que dar um privilégio a quem é
homossexual? Questão de saúde para um deficiente, não importa a cor dele
nem a nacionalidade dele. Agora vamos privilegiar? Só porque ele é
homossexual ele vai ter preferência?
Já o PSOL se manifestou a favor da manutenção do
inciso no texto, mantendo as especificidades para os homossexuais. O
deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) foi à tribuna lembrar que ocultá-los do
texto não faria com que os homossexuais com deficiência deixem de
existir.
-- Não se trata de privilégio, como disse de maneira
desonesta o deputado Ronaldo Fonseca, se trata de observar que há
especificidade para pessoas com deficiência que são homossexuais e que
devem ser respeitadas.
Em uma votação apertada, o plenário decidiu manter a
garantia de respeito à orientação sexual e à identidade de gênero para
pessoas com deficiência no SUS (Sistema Único de Saúde).
Preconceito na TV
O destaque que alterou o texto-base diz respeito a um
inciso que previa a cessação imediata da transmissão de programas de
rádio e televisão que exibissem mensagens preconceituosas contra pessoas
com deficiência.
Alegando o direito ao contraditório e a
impossibilidade das redes de televisão e de rádio controlarem o que vai
ser dito em entrevistas realizadas ao vivo, por exemplo, o deputado
Celso Russomanno (PRB-SP), defendeu a retirada do dispositivo do texto e
foi acompanhado pela maioria do plenário.
Como o texto sofreu modificações, o projeto volta ao Senado Federal antes de seguir para sanção da presidente Dilma Rousseff.
Fonte: R7
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