16 de nov. de 2012

87% dos municípios têm escolas acessíveis no CE

Diversos lápis coloridos estão empilhados
O Ceará é o quarto estado brasileiro com o melhor índice de escolas públicas aptas a receber pessoas com deficiência

Dos 184 municípios, 160 possuem colégios adaptados (87%). 

O Estado está atrás do Distrito Federal (100%), Mato Grosso do Sul (92,30%) e Rio de Janeiro (89,13%). 

A média nacional é de 66,36%, enquanto a do Nordeste é de 61,48%. 

As informações são da Pesquisa de Informações Básicas Municipais - Perfil dos Municípios (Munic) de 2011, divulgados ontem, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Conforme a pesquisa, políticas de inclusão educacional para as pessoas com deficiência foram detectadas em 139 (75%) municípios.

Mas, quando o assunto é a acessibilidade no transporte público, o estudo mostra que no Ceará, 42 (22,82%) municípios garantem o quesito. Índice, ainda assim, acima das médias nacional (18,20%) e nordestina (16,22%).

As cidades que incluem a distribuição de órteses e próteses somam 85 (46,19%). Outro item avaliado é em relação à melhoria da acessibilidade a espaços públicos de esporte e lazer, que abrange 92 municípios (50%) cearenses. Já os que visam a geração de trabalho e renda ou inserção no mercado de trabalho somam 44 (23,91%).

João Bosco de Farias, 28, nasceu com glaucoma congênito, doença que só se manifestou aos 11 anos. Depois, foi perdendo gradativamente a visão. Ele, que hoje cursa o 7º semestre do curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Ceará (Uece), diz que a pesquisa parte do princípio da acessibilidade física, de acesso aos espaços, com rampas e portas largas, mas lembra que não é só o quesito arquitetônico que vai garantir a acessibilidade.

"Geralmente, as pessoas sem deficiência pensam que todo deficiente vai precisar de rampas de acesso", frisa. E mesmo no quesito arquitetônico, acrescenta o jovem, tem um ponto fundamental que costuma ser esquecido: o piso tátil - com textura e cor em destaque para que seja perceptível a pessoas com deficiência visual ou de baixa visão.

Alunos com deficiência visual, lembra João Bosco, vão precisar de material em braile (sistema de leitura com o tato para cegos), computador com leitor de telas e maior sensibilização dos professores, para que possam atender melhor.
 
Língua

No caso dos surdos, reforça que não adianta colocá-los em uma escola regular sem que haja um intérprete, pois ele não domina o português como a Libras - que é a sua primeira língua.

"As barreiras atitudinais não são levadas em conta pela pesquisa, que seria o preconceito em relação à pessoa com deficiência. As pessoas pensam que cegueira pega. Falam com o acompanhante, mas não falam com o deficiente visual e pré-julgam o que eles são capazes de fazer", lamenta João Bosco.

Para a coordenadora da Associação dos Cegos do Ceará, Elinalva Alves de Oliveira, o índice ainda não é o esperado. "É necessário que se empregue mais políticas públicas para que se alcance a inclusão social, que é um capítulo a parte, porque a escolar ainda não está como preconiza a legislação. Ainda persistimos na questão da formação do professor", destaca.
 

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