7 de jan. de 2013

Após ficar paraplégica, empresária supera dificuldades e abre consultoria

Mão segura carteira de trabalho
O acidente de moto que tirou os movimentos das pernas da professora de educação física Carolina Ignarra, 34, quase acabou com seus sonhos profissionais. 

Mas, após seis anos em uma cadeira de rodas, a decisão de empreender mostrou o caminho da superação. 

Hoje, dona de uma consultoria especializada em incluir pessoas com deficiência física no mercado de trabalho, seu sucesso abre portas para outras pessoas na mesma condição.

Ignarra é fundadora da Talento Incluir. O negócio de pequeno porte conta com oito funcionários –três deles com deficiência física– e presta serviços para grandes empresas como Ambev, Bradesco, Itaú, Santander e Vale.

A oportunidade surgiu em 2007, depois que a empresária se desligou de uma consultoria para a qual trabalhava. Um primo, que era gestor de RH em uma grande empresa, a indicou ao patrão para fazer o trabalho de inclusão dos funcionários com deficiência física recém-contratados.

Ao olhar para o mercado, ela percebeu que havia poucos concorrentes e a cultura de inclusão de pessoas com deficiência no trabalho era pouco disseminada. Estar em uma cadeira de rodas a fez entender melhor as necessidades de seus clientes. “Se não estivesse nessa situação, não entenderia sobre este mercado”, diz.

Empresária teve ajuda de antigos patrões para abrir negócio Para abrir o próprio negócio, Ignarra contou com a ajuda da empresa para a qual trabalhava na época do acidente, a Movimento –prestadora de serviços na área de ginástica laboral. 

Com a ajuda dos antigos gestores, a empresária criou um projeto para atender ao mercado. A consultoria nasceu com o nome de Movimento Incluir.

“Foram pessoas que sempre me ajudaram muito. Não tive vergonha de bater na porta delas”, afirma. Em 2009, a empreendedora fundiu o negócio com a empresa de uma amiga. A consultoria virou, então, Talento Incluir e a amiga se tornou sócia-investidora.

Após acidente, empreendedora cogitou fazer artesanatoQuando sofreu o acidente, em 2001, a empresária tinha 22 anos. Foram três meses de fisioterapia até se adaptar à cadeira de rodas. 

Jovem, ela diz que tomava medicamentos fortes e chegou a pensar em trocar de área por não poder dar aulas de ginástica laboral como fazia antes. “Pensei que teria de fazer artesanato ou outra atividade em casa. Não me via no trabalho”.

Mas, quando a empresa lhe pediu que voltasse a trabalhar, Ignarra se sentiu valorizada. No início, montava as aulas em casa para os outros professores aplicarem. Depois, começou a ir pessoalmente à empresa. Dois anos após o acidente, deu a primeira aula de ginástica laboral em uma cadeira de rodas.

“Sabia que minha lesão era irreversível. Pensei: ‘se é assim que estou, como posso viver melhor?’ Não me prendi à esperança de voltar a andar”, declara.
 
Empresas ainda desvalorizam pessoas com deficiência
 
A maior dificuldade da empresária é crescer em um mercado restrito. Segundo ela, poucas empresas estão dispostas a criar uma política de valorização de pessoas com deficiência física no ambiente de trabalho.

Na opinião dela, a maioria apenas contrata esses profissionais como cumprimento à lei de cotas, que obriga empresas a destinarem uma porcentagem das vagas de emprego a pessoas com deficiência. “Há empresas que contratam, mas deixam a pessoa escondida. Mais do que auxiliar no cumprimento de lei, nós apostamos em envolver funcionário na rotina do negócio”, afirma.

Apesar do desafio, Ignarra diz que a cultura empresarial está começando a mudar. Aos poucos, o mercado parece se abrir para a inclusão de pessoas com deficiência.

 “Às vezes, nas folgas, as pessoas chegam para me perguntar sobre inclusão e sempre tenho um cartão da minha empresa para entregar. O fato de ter deficiência é um outdoor”, declara.
 

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