18 de out. de 2016

Homem tetraplégico sente toque em mão robótica após implante cerebral






Um homem tetraplégico nos Estados Unidos conseguiu sentir o toque em uma mão robótica através de eletrodos implantados no seu cérebro.


Nathan Copeland, de 27 anos, sofreu um acidente de carro há cerca de dez anos. O impacto afetou sua espinha dorsal, deixando-o paralisado do peito para baixo. Apesar de conseguir levantar seus pulsos, Copeland perdeu a maior parte da sensação do tato.


Mas agora, cientistas do Centro Médico da Universidade de Pittsburgh anunciaram que obtiveram sucesso ao implantar quatro chips no cérebro de Copeland, dando a habilidade de controlar um braço robótico com sua mente e sentir quando alguém tocasse os dedos da prótese.


Segundo os pesquisadores, trata-se da primeira vez que um implante neural permitiu que uma pessoa pudesse ter a sensação do toque através de uma prótese ao estimular diretamente seu cérebro. 


Em vídeo publicado pela universidade, Copeland descreve a sensação. “Eu senti como se tivesse meus dedos tocados ou empurrados”.


A pesquisa foi publicada no jornal Science Translational Medicine. Os cientistas implantaram dois chips na região cerebral responsável por controlar os movimentos, o chamado córtex motor. 


Isso permitiu a Copeland controlar o braço robótico simplesmente ao pensar sobre isso. 


Vale ressaltar que o braço robótico não é incorporado ao seu corpo e sim a uma área externa localizada no laboratório. Outros dois chips adicionais foram implantados na parte do cérebro responsável pela sensação, o chamado córtex sensorial.
 

Os eletrodos, então, são ligados a um computador externo por meio de cabos conectados a uma espécie de “tomada” instalada no crânio de Copeland. 


O computador foi conectado, por sua vez, a sensores no braço robótico. Quando alguém toca alguns dos dedos robóticos, os sensores retransmitem a informação ao computador, que depois dizem aos eletrodos para ativarem o córtex sensorial.


A pesquisa anuncia um grande passo para a recuperação de movimentos em pessoas com deficiência motora no futuro. No entanto, ainda levará tempo para que pacientes possam usufruir dela no dia a dia. 


Da mesma forma que exoesqueletos que não recorrem a sistemas tão invasivos, os cientistas de Pittsburgh precisam desenvolver uma forma de tornar a tecnologia acessível para uso além do laboratório. Por enquanto, a prótese robótica exige uma quantidade enorme de cabos e o sistema exige computadores robustos.


Os resultados da recente pesquisa somam-se a outros bem-sucedidos na área, como a pesquisa do projeto Andar de Novo, comandada pelo neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis.


O artigo científico reflete os resultados dos primeiros doze meses da pesquisa clínica do Andar de Novo. 


A conclusão é que após uma espécie de treinamento cerebral”, com uso de um exoesqueleto artificial, conectado a um sistema não invasivo que liga o cérebro humano a um computador e ainda sessões de realidade virtual, os pacientes conseguiram recuperação neurológica parcial, ou seja, retomaram parcialmente a habilidade motora, a sensação tátil, além de funções viscerais.





 

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