Aos cinco anos, a pequena Manuela Soares foi a única aluna de sua turma que não voltou às aulas, iniciadas no dia 6 de fevereiro em uma escola municipal de Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre.
A menina nasceu nasceu com paralisia cerebral
e tem vaga garantida na rede pública do município.
No entanto, a escola
não tem condições de recebê-la, no momento, por falta de um funcionário
que a acompanhe.
Manuela frequenta a Escola Municipal de Educação Infantil de Canoas desde 2012, mas teve de se afastar em junho do ano passado para fazer uma cirurgia no quadril. Mesmo assim, a rematrícula foi realizada.
Só que a instituição não tem uma pessoa para acompanhar a menina de perto e ajudar a professora, como costumava acontecer com a menina.
A situação preocupa a mãe de Manuela, Berenice Moreira Soares. “Ela já tem essa dificuldade cognitiva, de vivenciar, de conviver com outras crianças. Já tem esse atraso. Quanto mais tempo passar, pior. Para ela e para nós. É uma frustração”, reclama Berenice.
O pai de Manuela trabalha à noite, então precisa descansar durante o dia. “Ficar com ela é uma missão não muito fácil porque ela exige atenção o tempo todo. Não é em qualquer cadeira que ela senta, ela pode sentar e, em um momento de descuido, pode cair”.
A mãe diz que não tem nada contra a escola, mas reclama das falhas no processo de inclusão.
“Ela foi muito bem recebida tanto pelos funcionários, quanto pelos alunos. Teve apresentação, ela participou, foi muito bom. Mas, essa questão burocrática é que complica. A inclusão é algo lindo, maravilhoso, mas na prática deixa muito a desejar”, fala Berenice.
A Secretaria Municipal de Educação tem um setor específico para a inclusão de crianças e adolescentes com deficiência.
O responsável pelo
setor em Canoas, Eri Domingos da Silva, explica que é difícil conseguir
estagiários para fazer esse trabalho nas escolas.
“Estamos entrevistando
candidatos para estágio, para que possam acompanhar não só essa aluna,
mas todos os alunos que precisam de apoio. Além da entrevista, eles
passam por uma formação para que saibam qual a realidade e a criança”,
explica Silva.
Segundo ele, o contato da mãe de Manuela para retornar à
aula foi somente na última terça-feira (18).
De acordo com Berenice, a escola sabia que a menina voltaria no dia 6 de fevereiro, já que estava rematriculada.
“A escola tem o atestado da
médica que fez a cirurgia dizendo o tipo de cirurgia, que ela precisava
dos meus cuidados, que ela estava de atestado”, repete a mãe.
Conforme Silva, uma reunião presencial foi marcada para a próxima terça-feira (25) entre a secretaria e a família de Manuela.
“A escola
chegou a fazer esse relato, como outras escolas, mas nós gostamos de um
contato direto com a família para ter a percepção da família, e isso
ainda não aconteceu, vai acontecer semana que vem com a mãe”, aponta.
“Vamos resolver, com certeza. Como outros casos que surgiram, que às
vezes não são na mesma rapidez que gostaríamos, mas acabam tendo uma
solução, com a participação da escola e da família”, fala.
Fonte: G1 Rio Grande do Sul
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