O Ministério Público (MP) do Estado de São Paulo instaurou um inquérito civil para apurar a falta de acessibilidade a pessoas com deficiência em 48% dos prédios públicos municipais de Sorocaba.
O autor da medida, o promotor de Justiça curador de Direitos Humanos,
Jorge Alberto de Oliveira Marum, utilizou como base uma reportagem
publicada em setembro do ano passado pelo jornal Cruzeiro do Sul,
demonstrando que 147 dos 322 próprios municipais ainda não tiveram seus
acessos e demais estruturas adaptados.
O promotor ainda requisita que a
Prefeitura firme um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o MP, se
responsabilizando a implementar a acessibilidade nos prédios em um
"prazo razoável". Em resposta encaminhada a Marum, no dia 3 deste mês, a
administração municipal relata que está criando projetos de adaptações
nos locais citados.
O promotor de Justiça relata que já sabia que alguns prédios públicos
municipais não ofereciam aparatos que garantam a acessibilidade total de
deficientes, já que ele tratava desses casos individualmente.
"Chegava
ao meu conhecimento que um lugar ou outro não oferecia, mas aí a
reportagem mostrou que é um número muito significativo, o que me motivou
a tratar do assunto de forma coletiva", diz.
A matéria citada por Marum, publicada no dia 26 de setembro de 2013,
utilizou-se de informações prestadas pela Prefeitura à Câmara, em
resposta a um requerimento encaminhado pelo vereador José Crespo (DEM).
No total são 147 os próprios municipais que não passaram por adaptações
necessárias para garantir o acesso de cadeirantes e deficientes visuais,
por exemplo. Entre esses imóveis estão 10 centros de saúde e 5 centros
esportivos, além de 53 Centros de Educação Infantil (CEIs) e 24 escolas.
Para explicar os motivos legais de seu inquérito, o promotor citou três
leis, duas federais (7.853/89 e 10.098/2000) e uma estadual
(11.263/2002), que ressaltam a obrigação de o Poder Público assegurar o
acesso de pessoas deficientes aos próprios, sejam eles municipais,
estaduais ou federais.
Todas elas preveem que sejam eliminados
obstáculos que dificultem o direito de ir e vir dessas pessoas, no
sentido de promover a elas a ampla acessibilidade a esses locais.
Marum requisitou no inquérito que a Prefeitura se comprometa a firmar
um TAC, garantindo que a acessibilidade dos prédios seja discutida entre
as secretarias envolvidas.
"É uma questão que depende de vários
fatores, como em relação ao orçamento e da possibilidade de a Prefeitura
implantar os projetos. Mas é algo que precisa ser resolvido e o
importante é que a Prefeitura mostrou a intenção de resolver", revela.
Porém, caso os projetos de acessibilidade nos prédios públicos não sejam
colocados em prática, o promotor pode abrir uma ação civil pública
contra a Prefeitura.
Prefeitura
Em resposta aos questionamentos enviados pelo promotor Marum, a
Prefeitura encaminhou algumas informações sobre a acessibilidade dos
prédios públicos.
A administração municipal alega que "está sim
implementando a acessibilidade nos prédios públicos que ainda não
atendem a essa necessidade".
Para justificar isso, o Poder Público
mostrou uma lista de unidades municipais que já possuem projetos de
adaptações, como 15 CEIs e 13 escolas.
"Quanto aos prédios sem projeto,
informamos que já está sendo realizada a confecção de projetos e
posterior implantação dos mesmos", ressalta. A Prefeitura foi
questionada ontem sobre o inquérito, mas não se manifestou até o
fechamento desta edição.
Baixa acessibilidade
Além de não oferecer acessibilidade nos prédios públicos municipais, uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
que faz parte do Censo 2010, mostra Sorocaba como uma das cidades menos
acessíveis do País.
Segundo o IBGE, apenas 3,7% dos 175 mil domicílios
urbanos de Sorocaba contam com calçadas com rampas de acesso para
pessoas com deficiência em suas quadras ou quarteirões.
O índice está
abaixo da média nacional, que é de 4,7%. Jaguaribara, no Ceará, é a
cidade mais acessível, com 75,5% de rampas. No Estado de São Paulo, a
cidade de Santa Cruz da Esperança é a que tem mais rampas para
cadeirantes, com 61,2%.
Conforme o IBGE, os dados obtidos são referentes à existência de pelo
menos uma rampa em cada uma das quatro quadras que compõem um
quarteirão, ou seja, se faltou uma rampa em um quarteirão, não foi
contabilizado como acessível. Também o levantamento do órgão não analisa
a qualidade da calçada.
Fonte: Cruzeiro do Sul
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