
Um passeio na praia em um domingo ensolarado e um banho de mar para
renovar as energias.
Para muitos soteropolitanos, momentos de lazer
comuns, para outros, mais especificamente para pessoas com deficiência física ou mobilidade reduzida,
situações muito difíceis de acontecer.
Para elas desfrutarem de um dia
tranquilo na praia é quase uma missão impossível.
O acesso à beira do
mar da capital baiana praticamente não existe se o cidadão for um
deficiente físico.
“Praia pra mim é um cenário de liberdade. Lamento profundamente o
despreparo da cidade”, com essas palavras, Luiza Câmera, presidente da Associação Baiana de Deficientes Físicos (Abadef), descreve o sentimento de todo baiano que tem deficiência física ou mobilidade reduzida.
Usufruir das praias também é um direito dos deficientes visuais,
pessoas com mobilidade reduzida e cadeirantes.
Em 1981, a TV Globo veio à
cidade fazer uma matéria para mostrar as dificuldades que estas pessoas
enfrentavam para ter acesso às praias.
Na apresentação do especial de
fim de ano com Roberto Carlos, Luiza Câmera, que é cadeirante,
apareceu no colo de um amigo, sendo levada até a areia da praia da
Barra e, hoje, a situação ainda é a mesma.
“Trinta e três anos depois e
nada mudou. Salvador está despreparada, quase não vamos à praia”, desabafou.
A presidente da Abadef, que já está na luta há 37 anos, informou que a
Lei nº 5296/04 determinou um prazo de 10 anos para as cidades estarem
acessíveis, o que não aconteceu. “Existe um programa que na Bahia não
foi implantado.
Não existe essa preocupação com a acessibilidade”,
disse Luiza. Ainda segundo ela, em estados próximos não há este
distanciamento entre a praia e o calçadão, presente em grande parte da
orla marítima de Salvador.
O Art. 15 da lei citada por Luiza afirma que “no planejamento e na
urbanização de vias, praças, dos ogradouros, parques e demais espaços de
uso público, deverão ser cumpridas as exigências dispostas nas normas
técnicas de acessibilidade da Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT)”.
Isso determina que o acesso às praias deva ser feito através de
rampas específicas e pisos fixos ou removíveis prolongados na direção
do mar.
Praia sem barreiras
Criado em janeiro do ano passado, o projeto de acessibilidade “Praia Sem Barreiras”, desenvolvido pela Secretaria de Turismo de Pernambuco (Setur-PE), já recebeu até premiação do Ministério do Turismo.
A iniciativa visa auxiliar pessoa com deficiência física ou mobilidade
reduzida por conta da idade, para que possam se refrescar nas praias do
Nordeste.
Em Olinda, por exemplo, um caminho foi montado desde
um ponto de ônibus perto da praia até o posto de auxílio à beira-mar,
equipado ainda com banheiros adaptados e rampas de acesso.
Além disso,
profissionais qualificados foram colocados em prontidão para ajudar
durante banhos de mar, utilizando cadeiras de rodas anfíbias e coletes
salva-vidas.
Segundo informações de Tania Scofield, presidente da Fundação Mario
Leal Ferreira (FMLF), órgão vinculado à Secretaria Municipal de
Desenvolvimento Urbano, Habilitação e Meio Ambiente (Sedham), já está
sendo elaborado projeto de acessibilidade para as praias de Salvador.
Inicialmente, dez praias serão contempladas.
“Todos os projetos de requalificação das praias, já elaborados e em
elaboração nesta gestão de ACM Neto, contemplam a acessibilidade nas
praias de São Tomé de Paripe, Tubarão, Itapuã, Piatã, Rio Vermelho,
Jardim de Alah, Ribeira, Barra, Stella Maris e Praia do Flamengo”,
informou Tânia. Ainda segundo ela, todas as praias de Salvador terão
acessibilidade à medida que as obras de requalificação forem
implantadas.
A Barra, que já está sendo requalificada, até o finalização da obra
receberá rampas de acesso à praia, informou a presidente da FMLF.
“O
projeto de requalificação da Barra prioriza o pedestre e garante
acessibilidade universal, mediante a implantação da rota de
acessibilidade, do espaço compartilhado, do piso tátil e das rampas de
acesso à praia”, concluiu.
Fonte: Tribuna da Bahia
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