3 de set. de 2012

Cadeirantes denunciam falta de rampas

Calçada com rampa acessível
Um grupo de pessoas com deficiência reuniu-se, no começo da noite de ontem, em frente ao Centro de Eventos do Ceará (CEC), em Fortaleza (CE), para denunciar a inexistência de rampas e passarela de acesso ao recém-inaugurado prédio. 

A falta desses equipamentos dificulta a entrada de pessoas com deficiência visual, de cadeirantes e mobilidade reduzida (idosos e gestantes).

O ato foi pensado após a não realização de uma visita técnica ao local que estava agendada para o dia 27 de agosto, e que iria tratar do assunto. 

Ela seria feita por representantes da Secretaria Estadual do Turismo (Setur), responsável pela construção do CEC; Ministério Público Estadual (MP/CE); Prefeitura de Fortaleza; Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência; e administração do Centro.

Os manifestantes querem a adequação do CEC para o trânsito das pessoas com deficiência ser viabilizado. Da forma que está, uma simples tentativa de subir a calçada torna-se desafio. “A III Conferência Estadual de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência e o próprio Conselho emitiram nota de repúdio contra essa situação. 

Ela foi enviada à Setur e ao Ministério Público”, informou a titular da Coordenadoria das Pessoas com Deficiência da Prefeitura, Nádja de Pinho Pessoa.

 A passarela provisória montada pela Setur também não atende às necessidades de quem necessita de apoios ou usa cadeiras de rodas. “Estamos aqui para que a passarela definitiva tenha acessibilidade. 

Porque gastou-se dinheiro público de forma inadequada e, agora, terão que gastar mais”, pontuou a psicóloga Ana Beatriz Praxedes. Conforme O POVO mostrou em 14 de agosto último, o Centro de Eventos custou R$ 486,51 milhões, 33,7% a mais do que os R$ 363,8 milhões inicialmente calculados.
Ana Beatriz foi uma das que não conseguiram subir a calçada do CEC durante o protesto.

 A cadeira de rodas motorizada era pesada demais para ser içada manualmente. “Para nós, o acesso é impossível! Pergunto-me como uma obra nova não se preocupa em cumprir a Lei da Acessibilidade”, lamentou.

O jornal O POVO tentou falar com o titular da Setur, Bismarck Maia, mas ele não atendeu ao celular. A assessoria do secretário informou à reportagem que os reclames são importantes para o Governo tomar conhecimento do que precisa melhorar na estrutura do CEC. Disse ainda que a Pasta receberá cada demanda do grupo e avaliará “o que for pertinente”.

A assessoria admitiu que “faltam algumas coisas” no equipamento, mas ponderou a existência de rampas e elevadores dentro do Centro. No tocante à passarela, comunicou que o projeto arquitetônico deve ser apresentado ainda este mês. Não há previsão, no entanto, sobre o início e fim das obras.
 
Entenda a notícia

Governo diz que avaliará a possibilidade de implementar as mudanças reivindicadas pelos manifestantes, caso elas sejam de fato pertinentes. Está prevista para este mês a divulgação do projeto arquitetônico da passarela definitiva, ainda sem previsão de construção.

Saiba mais


A polêmica da acessibilidade no Centro de Eventos do Ceará começou antes mesmo de o equipamento ser inaugurado em 15 de agosto.

Semanas antes, Bismarck Maia deu declarações de que passarelas não eram necessárias ao equipamento porque o perfil de público para o qual ele foi criado teria carro particular ou chegaria de táxi. Além disso, as passarelas prejudicariam a estética da região, segundo ele. Com a repercussão negativa da fala, o secretário retratou-se publicamente.

Durante o protesto, os cadeirantes admitiram que, dentro do Centro, as dificuldades de acesso são menores. Mas que mudanças precisam, sim, ser feitas.

Fonte: O Povo

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