O Brasil possui hoje 300 mil pessoas com Síndrome de
Down e para que os profissionais de saúde estejam preparados para dar um
atendimento qualificado a este público, o Ministério da Saúde lança as
Diretrizes de Atenção à Saúde da Pessoa com Síndrome de Down.
O
lançamento oficial foi feito pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha,
nesta quarta-feira (26), no Rio de Janeiro. “Seja qual for o tipo de
deficiência, os limites que essas pessoas enfrentam são impostos pela
sociedade, pela falta de acessibilidade e pelo preconceito. Nosso
propósito é mobilizar esforços para romper qualquer limite que a
sociedade impõe ao portador de necessidades especiais”, destacou
Padilha.
O documento foi construído ao longo de cinco meses
com a colaboração de entidade sociais e especialistas. Deste documento
foi elaborada uma versão simplificada, denominada de Cuidados de Saúde
às Pessoas com Síndrome de Down, elaborada em parceira com jovens que
têm Síndrome de Down para que tivesse uma linguagem acessível para este
público.
Voltado às equipes multiprofissionais do SUS para o
cuidado à saúde da pessoa com Síndrome de Down, a proposta desse
documento é qualificar e humanizar o atendimento desde os primeiros dias
de vida do paciente, alertando sobre as patologias que têm maior
prevalência e os principais cuidados para garantir o desenvolvimento
saudável.
No documento há informações que ajudam o profissional
a identificar as características físicas da Síndrome de Dow como pregas
palpebrais oblíquas para cima, base nasal plana, face aplanada,
protusão lingual, cabelo fino entre outros. Essas informações são
importantes uma vez que a presença isolada de uma das características
listadas no documento não confirma o diagnóstico.
A análise genética, o
cariótipo, complementa o diagnótico. “Nosso objetivo é contribuir com a
qualificação dos profissionais que atuam na atenção à saúde e promover o
acolhimento e a integralidade do cuidado à saúde no âmbito do SUS”, diz
Vera Mendes, coordenadora da Saúde da Pessoa com Deficiência do
Ministério da Saúde (MS).
Esta é a primeira de uma série de diretrizes de
cuidados às pessoas com deficiência que será lançada pelo Ministério da
Saúde.
O documento traz recomendações aos profissionais sobre, por
exemplo, como dar a notícia da família de forma humanizada tirando
dúvidas, incertezas e inseguranças com relação à saúde da criança e para
que a família compreenda a necessidade dos exames e dos procedimentos
solicitados.
Há orientação sobre o diagnóstico clínico e os exames
necessários em cada fase de crescimento da criança: de zero a dois anos;
de dois a 10 anos; de 10 a 19 anos; e do adulto e do idoso.
O documento
integra as ações do Plano Viver sem Limite, lançado em novembro do ano
passado, pela presidenta Dilma Rousseff, que reúne ações que beneficiam
as pessoas com deficiência.
O Ministério recomenda, no documento, que o exame
ecocardiograma seja solicitado tendo em vista que 50% das crianças com
Síndrome de Down apresentam cardiopatias. Assim como hemograma (para
afastar a possibilidade de alterações hematológicas como policitemia e
leucemia) e da função de tireoideana são alguns dos exames solicitados
nos dois primeiros anos de vida.
Bastante satisfeito de participar deste trabalho, o
integrante do Conselho Editorial Acessível do Movimento Down, Breno
Viola afirma que apesar de ter sido um trabalho difícil. “Aprendi muitas
coisas com a cartilha. Agora sei o que é cromossomo, as características
das pessoas com síndrome de Down e também sei sobre saúde. Jovens e
adultos podem falar sobre si próprios e é muito importante conhecer o
próprio corpo”, completou.
Coordenada pelo Ministério da Saúde, a elaboração das
diretrizes conta com apoio de especialistas e entidades sociais como a
Associação Movimento de Ação e Inovação Social, o Movimento Down, o
Observatório de Favelas e a Federação Brasileira das Associações de
Síndrome de Down. Desde o ano passado, eles discutem o tema para traçar
as linhas desta proposta com objetivo de proporcionar mais autonomia, a
inclusão social e pleno exercício pleno da cidadania a toda pessoa com
Síndrome de Down.
A cartilha Cuidados de Saúde às Pessoas com Síndrome
de Downcontém uma linguagem diferenciada, com ilustrações e informações
de forma simples e direta para que a pessoa com deficiência intelectual
compreenda os cuidados que deve ter com a saúde. O lançamento das duas
publicações faz parte das celebrações do Dia Nacional de Luta da Pessoa
Portadora de Deficiência, comemorado no último dia 21 de setembro.
Políticas Públicas - Recomenda-se que o cuidado com a
saúde da pessoa com Síndrome de Down seja norteado pelas políticas
públicas do Ministério da Saúde como a Política Nacional de Humanização,
Política Nacional da Atenção Básica, Programas de Saúde da Criança e do
Adolescente, Saúde da Mulher, do Homem, do Idoso, Saúde Mental e pelo
Relatório Mundial sobre a Deficiência. E ainda, que utilize os
pressupostos teóricos da clínica ampliada, da integralidade e do cuidado
compartilhado, com vistas à humanização, autonomia e protagonismo dos
sujeitos nas práticas de saúde.
A orientação para o profissional é que deve ficar
claro que o cuidado com o bebê e, durante todo o seu crescimento, será
compartilhado entre a família e a equipe multiprofissional, e que a
família não estará sozinha e sem apoio neste processo.
Fonte:Portal Saúde
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