19 de set. de 2012

CNH: pessoas com deficiência auditiva podem fazer prova no DF

Detalhe da mão segura o volante de um carro
Após anos de espera, os brasilienses com deficiência auditiva poderão fazer prova em Língua Brasileira de Sinais  (Libras) para tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH)

 O Departamento de Trânsito do DF (Detran-DF) espera que, ainda este ano, passe a usar as Libras nos exames teóricos para tirar carteira de motorista, que atualmente são aplicados apenas em português.

A novidade foi celebrada pela Associação de Pais e Amigos dos Surdos do DF (Apada-DF), que há anos luta para conseguir que os órgãos públicos adaptem provas e atendimentos às pessoas com deficiência. 

“Nós pressionamos a direção do Detran há tempos, assim como outros órgãos que oferecem intérpretes, mas ainda não fazem material específico para as pessoas com deficiência auditiva”, fala Marcos de Brito, coordenador do curso de Libras da associação.

A Maria Pedrivânia Batista, 33, tem deficiência auditiva e conseguiu a aprovação no teste teórico. Agora faz aulas práticas para obter a habilitação. Ela é aluna do instrutor de direção Diógenes de Oliveira Costa, 36, que desde 1999 dá aulas para alunos com deficiência auditiva.

Por meio do intérprete, Vânia, como gosta de ser chamada, acredita que a mudança vai ser boa para todos, porque permite a dissociação do português e da Libras. “Passei [no exame], foi tranquilo, porque me dediquei. Mas, quando tinha alguma palavra complicada precisava chamar o fiscal e pedir ajuda”, conta ela.
 
Barreira

O coordenador da Apada explica que a dificuldade é enorme para as pessoas com deficiência fazerem o exame. “Uma palavra como núcleo, usada em ‘núcleo de trânsito’, tem vários significados, mas, para eles, a primeira coisa que conseguem imaginar é a parte química, ligado aos átomos”, diz. Marcos acrescenta que ao ler a prova eles buscam imagens na mente para tentar responder. “A semântica e a realidade são muito diferentes”, afirma.

Diógenes reforça que a nova prova vai facilitar para os alunos. “Eles ainda têm muito dificuldade e acabam sendo reprovados várias vezes.” Mas, por precaução, o instrutor ainda não havia dado a notícia aos novos alunos. “Se por acaso não acontecer logo, eles vão ficar frustrados”, diz.

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