13 de abr. de 2015

Atividade neuronal maior faz crianças autistas falarem mais, sugere estudo

 


Algumas crianças autistas desenvolvem mais a capacidade de linguagem do que outros já que, desde que são bebês, apresentam uma maior atividade neuronal em áreas do cérebro responsáveis pela função, segundo estudo publicado na revista científica "Cell".


Segundo um dos autores da pesquisa, Eric Courchesne, diretor do Centro de Autismo da Universidade da Califórnia, em San Diego (EUA), o autismo pode gerar consequências clínicas muito diferentes em crianças pequenas, já que algumas delas têm uma capacidade de linguagem desenvolvida e outras não falam.


Em bebês com autismo que desenvolvem boa habilidade para falar, a atividade neuronal nas áreas do cérebro responsáveis pela linguagem é similar a de crianças sem a doença. 


No entanto, a atividade neuronal nessas áreas é quase inexistente em bebês que depois não falarão ou terão pouca capacidade de linguagem.


"Descobrir as bases neuronais mais cedo para as diferentes trajetórias de desenvolvimento abre novas vias para encontrar causas e tratamentos específicos para esses dois diferentes tipos de autismo", disse Courchesne.

 

Contos infantis fizeram parte da investigação



Para realizar o estudo, os pesquisadores analisaram 60 crianças e bebês com autismo e 43 sem a doença, e usaram imagens de ressonância magnética funcional (IRMf), que permite mostrar as regiões cerebrais que executam uma tarefa determinada.


Concretamente, para esta pesquisa os cientistas utilizaram um método próprio do Centro de Autismo da Universidade da Califórnia que grava a atividade cerebral enquanto os pacientes escutam contos infantis.


A capacidade de linguagem na infância demonstrou estar precedida por padrões normais de atividade neuronal nas regiões do cérebro envolvidas na linguagem, incluída a face superior do lóbulo temporal.


Por outro lado, as crianças autistas com pouca capacidade de linguagem mostraram muito pouca atividade na face superior do lóbulo temporal desde que eram bebês.


"Nosso estudo é importante porque é um dos primeiros em grande escala a identificar antecipadamente precursores neuronais que ajudam a explicar a heterogeneidade no desenvolvimento da linguagem dos bebês e crianças com autismo", afirmou Michael Lombardo, da Universidade do Chipre, que também participou do estudo.

 

Prevenção do desenvolvimento da linguagem



Os pesquisadores determinaram, além disso, que quando são combinados com testes de comportamento, as diferenças neuronais poderiam ajudar a prever o desenvolvimento da linguagem na infância.


A efetividade da previsão dessa combinação foi de 80%, comparado com 68% de cada uma individualmente. 


"Uma das primeiras coisas que os pais de um bebê com autismo quer saber é o que esperar do futuro de seu filho", disse a coautora do artigo e diretora do centro, Karen Piercer. 


"Estes descobertas abrem uma via rumo a novos passos para diferentes tratamentos", acrescentou Piercer.


Os cientistas investigarão agora mais a fundo "os substratos neuronais funcionais adiantados que precedem à heterogeneidade social e linguística no autismo", explicou o estudo. 


Além disso, devem "testar a ideia de que a ativação ou a ausência desta no lóbulo temporal prediz a resposta ao tratamento em bebês com autismo", concluiu o estudo.


Fontes:  Rede Saci  /  Bem Estar



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