NITERÓI — Quando viu um cão-guia em ação pela
primeira vez, o niteroiense George Thomaz Harrison ficou impressionado.
Ele, que já era adestrador, resolveu que apostaria nessa fatia do
mercado para o resto da vida.
Seu trabalho de conclusão de curso na
faculdade de Psicologia foi condicionar um cachorro para a função. A
escolhida foi labradora Raísa, hoje aposentada.
Ele fundou o Instituto Cão-Guia Brasil em 2009 e já
treinou cerca de 15 animais desde 2006. No ano passado, foi convidado
para fazer um intercâmbio na Leader Dogs for the Blind, ONG que funciona
em Rochester, nos EUA, e é referência mundial para treinamento de
cães-guia.
Ele só consegue comparar a sensação que tem ao entregar os
animais a deficientes visuais a um momento pelo qual já passou:
— A emoção mais próxima que tive foi o nascimento do
meu filho. É indescritível — conta George, que divide sua agenda de
adestramentos entre o Instituto Íris, em São Paulo, e a sua própria
organização em Niterói.
A cada dez animais que entram no curso, apenas três
conseguem se tornar cães-guia.
Os treinamentos duram de um ano e meio e
dois anos, dependendo do grau de adaptabilidade do cachorro.
O baixo
nível de aproveitamento se deva a especificidades do processo. Os perfis
do deficiente e do cão devem se encaixar perfeitamente, e vários
critérios são levados em conta, como altura, velocidade e dinâmica dos
passos da dupla. Eles desempenham a função de guia por um período de
oito e nove anos. Os animais não aproveitados são encaminhados para
adoção.
Desde 2009 guiando Jonas Santiago, a golden retriever Zuca alterou a vida de seu dono.
— Antes, era quase impossível sair de casa. As ruas
não são preparadas, e as calçadas são um desafio até para quem enxerga —
afirma Jonas, que perdeu a visão aos poucos, por conta de uma doença
degenerativa
TREINAMENTO E PARCERIAS
Aos desavisados, um detalhe importante: quando o cão está com a guia, não se deve brincar com o ele.
— Nessa condição, ele não deve ser estimulado a outra
coisa fora do trabalho. Não incentivamos esse tipo de interação para
que o animal não se distraia, e deixe de cumprir a sua função naquele
momento — adverte George.
Não há custos para a quem adota um cão-guia, e os
cursos são custeados por parceiros da iniciativa privada. Além do
Instituto Cão-Guia Brasil, em Niterói, há treinamento na ABA, em
Brasília (DF); na Escola de Cães-Guia Helen Keller, em Camboriú (SC) e
no Insituto Íris (SP).
Há uma fila de espera e, conforme a
disponibilidade de novos animais, os candidatos são chamados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário