O Brasil conta com os talentos de Robinho e Di María
para chegar à inédita medalha de ouro no Rio 2016. Engana-se quem acha
que trata-se das estrelas de Santos e Manchester United.
Os craques em
questão são Wanderson Oliveira e Diego Delgado da seleção brasileira de
futebol de 7, modalidade paralímpica para atletas com sequelas motoras
decorrentes de paralisia cerebral.
Por motivos diferentes, a dupla
carrega apelidos capazes de chamar a atenção dos torcedores. Além da
medalha paralímpica, o Brasil, de Robinho e Di María, busca o título do
Mundial de Londres, em junho, e a conquista do Para-Pan de Toronto, em
agosto.
- Quando cheguei ao Vasco em 2013, logo meu primeiro
treino no clube, um colega olhou para mim e me chamou de Di María por
causa da semelhança física com o argentino. Acabou que pegou.
Não me
compararia a ele como jogador porque eu jogo mais atrás e só às vezes
que vou à frente para ajudar a equipe - afirmou o carioca Diego, que é
atleta do Vasco e é o mais novo da seleção com apenas 19 anos, fato que o
mesmo trata como grande responsabilidade.
- Como sou mais novo que a maioria dos meus colegas
de seleção, estou buscando pegar experiência para passar isso para as
futuras gerações. A maioria aqui vai parar em 2016, e eu acho que vou
poder ajudar muito nesse processo de transição - completou o Di María do
futebol de 7, que tem a internet como hobby predileto nas horas de
folga.
Se Diego ganhou o apelido do craque argentino pela
aparência, Wanderson passou a ser chamado de Robinho pelo estilo de
jogo.
Dono da camisa 10 da seleção brasileira, o carioca de Campo Grande
já foi eleito o melhor jogador do mundo duas vezes (2009 e 2013). Aos
27 anos, o veloz e habilidoso Wanderson atua pela Andef-RJ.
- Entro nas competições pensando primeiro em ajudar
os meus companheiros, virar melhor do mundo aconteceu naturalmente.
Conheci o futebol de 7 em 2007 através de um amigo meu. Antes não sabia
da existência da modalidade paralímpica.
Tentei carreira no futebol
convencional, mas não consegui, sempre parava no preconceito. Aqui eu me
adaptei super bem, e as coisas aconteceram muito rápido, pois em quatro
meses já estava na seleção - disse Wanderson, que tem o lado direito do
corpo paralisado.
Nesta terça-feira, a seleção brasileira enfrentou a
equipe de futebol 7 (atletas sem deficiência) do Fluminense. Apesar do
resultado adverso de 7 a 1 o jogo foi tratado pelos atletas paralímpicos
como uma grande experiência profissional.
- O jogo foi fundamental no nosso trabalho. Nosso
objetivo era pegar uma equipe forte para não achar que vai encontrar
moleza daqui para frente. É melhor perder agora para sabermos que ainda
temos muito o que melhorar - comentou Diego, o Di Maria.
Wanderson foi mais além, lembrando que os Jogos
Paralímpicos do Rio são uma grande oportunidade para potencializar a
modalidade até então pouco conhecida do grande público.
- Acho que as Paralimpíadas vão ajudar muito a
divulgar o futebol de 7. Paralelamente a isso, temos participado de
eventos como esse amistoso contra o Fluminense.
Acho que por tudo que
tem sendo feito, a torcida vai lotar a arena de futebol de 7 para torcer
para a gente em 2016 - finalizou Wanderson.
SAIBA MAIS SOBRE O FUTEBOL DE 7
Presente nas Paralimpíadas desde 1984, o futebol de 7
é praticado por atletas do sexo masculino com paralisia cerebral,
decorrente de sequelas de traumatismo crânio-encefálico ou acidentes
vasculares cerebrais.
O Brasil soma duas medalhas parlímpicas na
modalidade, um bronze Sidney 2000 e uma prata em Atenas 2004.
As regras são da Fifa, mas com algumas adaptações
feitas pela Associação Internacional de Esporte e Recreação para
Paralisados Cerebrais.
O campo tem no máximo 75m x 55m, com balizas de
5m x 2m e a marca do pênalti fica a 9,20m do centro da linha de gol.
A
partida dura 60 minutos, divididos em dois tempos de 30, com um
intervalo de 15 minutos. Não existe regra para impedimento, e a cobrança
lateral pode ser feita com apenas uma das mãos, rolando a bola no chão.
Cada equipe atua com sete jogadores (incluindo o
goleiro) e cinco reservas.Os jogadores pertencem às classes menos
afetadas pela paralisia cerebral e não usam cadeira de rodas.
Os atletas
são divididos em 4 classes: C5,C6,C7 e C8 – sendo C5 e C6 os com maior
grau de comprometimento e C8 o de menor comprometimento. Cada time deve
ter sempre um jogador que seja C5 ou C6 em campo.
Se não houver jogador
dessas classes quando da substituição durante o jogo, a equipe jogará
com seis jogadores. Apenas um C8 de cada equipe pode permanecer em
campo.
No Brasil, a modalidade é administrada pela Associação Nacional
de Desporto para Deficientes (Ande).
Fontes: Globo Esporte / Rede Saci
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