O planetário de Ilha Solteira (SP) fez várias
adaptações para que os deficientes visuais possam ter uma ideia do que
são os planetas.
A ideia é fazer com que todos possam frequentar o
local. O projeto funciona assim: Os astros foram todos trabalhados em
alto relevo e o nome das estrelas e galáxias foram escritos em braile.
Poder tocar em uma estrela para quem nunca pode vê-la
é uma experiência muito engrandecedora.
O advogado Thiago Menezes Ruiz
ficou cego quando ainda era um bebê e, para ele, estar diante de
constelações e estrelas sem precisar que alguém conte o que está vendo é
mesmo fascinante.
"Eu nunca tinha visto isso em lugar nenhum nem na
escola, eu me sentia perdido, na escola inclusive pessoas que enxergam
já tentaram me descrever, mas nunca as descrições foram suficientes para
que eu pudesse entender”, explica o Ruiz.
Este é um dos poucos planetários para deficientes
visuais existentes no Brasil. Ele se localiza na Unesp de Ilha Solteira,
no interior de São Paulo, e levou dois anos e cinco meses para ficar
pronto.
O coordenador do projeto, Cláudio Luiz Carvalho, pensou na
possibilidade de os deficientes visuais terem a mesma sensação que
pessoas que não possuem a deficiência. “É fácil você chegar e falar para
pessoa olha aqui, olha ali, nós temos um observatório, ela vai olhar
pelo telescópio alguns astros, então fica fácil.
Aí eu comecei a pensar o
que acontece se a pessoa não tem essa possiblidade, se ela é um
deficiente visual, como eu poderia passar essa informação para ela ou
ensinar”, explica o coordenador do projeto.
O céu tem linhas em alto relevo, assim o visitante
pode passear por 250 estrelas e 35 constelações e o nome de cada
componente está em braile.
A ideia é fazer com que os deficientes
visuais sintam aquilo que eles não conseguem enxergar, mas diante de um
universo tão complexo, não é tão simples assim, como por exemplo,
mostrar o brilho das estrelas.
Para substituir este fator, eles fabricaram esferas
de tamanhos diferentes. Bolinhas maiores para estrelas que brilham mais e
menores para aquelas que brilham menos.
“Quando a gente olha para o
céu, vemos estrelas bem brilhantes, outras mais fraquinhas, então vamos
mudar o tamanho para que os deficientes visuais consigam identificar a
diferença”, explica Carvalho.
Neste planetário diferente, o auxiliar geral José Carlos da Silva
Santos, que é cego, conseguiu sentir que faz parte do universo.
"Eu acho
fantástico você poder conhecer o planeta através das mãos, através do
tato, tudo facilita. É uma experiência inovadora, porque nem na escola e
olha que eu estudei em uma bem acessível, voltada mesmo para pessoa com
deficiência, não tinha muito disso”, afirma o auxiliar.
O planetário de Ilha Solteira funciona de segunda a
sexta-feira, das 8h as 12h e reabre às 14h e fica aberto até às 18h. A
entrada é gratuita.
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