O lar Santa Luzia de Bauru (SP) vive de doações, mas hoje enfrenta uma fase financeira muito difícil. Eles atendem pessoas com deficiência visual desde
1969, um trabalho longo que sempre teve como principal intenção
devolver às pessoas a independência e mostrar que é possível viver e ser
produtivo mesmo sem enxergar.
A aposentada Ináh Arruda Ferreira teve que aprender a enxergar o mundo
de uma maneira diferente depois de descobrir que havia perdido 90 % da
visão.
O desespero tomou conta da família inteira, mas foi no lar Santa
Luzia que ela percebeu que era possível recomeçar.
“Me informaram que aqui eu tinha condições de continuar a viver. Eu fui
muito bem recebida. Quando eu vi essa turma toda trabalhando sem
enxergar foi um aviso, algo fora do comum”, lembra.
Ináh é uma dos 70 deficientes visuais que são atendidos pelo lar -
pessoas que carregam histórias comoventes. Algumas que nasceram com a
deficiência, outras que tiveram que se adaptar à nova condição de vida,
como Ricardo D´Avila Araujo.
“O começo é muito complicado porque a
aceitação é difícil. Primeiro você tem que aceitar a cegueira para
depois começar a trabalhar”.
Ricardo perdeu a visão há quatro anos por causa de uma lesão no nervo
óptico. Os primeiros passos no escuro foram difíceis, mas hoje realizar
atividades básicas não é mais tão complicado.
“Normalmente eu faço de
tudo. Pago minhas contas. Tenho total independência”, garante.
As aulas de artesanato e as sessões de massoterapia fazem parte da
rotina e ajudam a valorizar o tempo.
“Aqui a gente faz um monte de
coisa. A gente conversa, um ajuda o outro, os professores sempre com a
gente”, conta o aposentado Leontino Veronez.
Até quem ensina descobre que também aprende, segundo a professora
Ismênia Silva Diniz.
“É muito bom você ver seu trabalho reconhecido.
Principalmente quando eles levam para casa e a família nem acredita que
foram eles que fizeram”, afirma.
Para vencer os desafios do dia a dia, além das atividades oferecidas
pelo lar, eles encontraram um espaço especial para música.
O que chama a
atenção é que novos talentos vem sendo descobertos e a música deles tem
emocionado muita gente. O professor de música Estevam Rogério da Silva
se realiza com o coral.
“Eu tenho formação em música e pra mim é uma
satisfação ensinar música principalmente para quem tem a mesma
deficiência que eu.”
Foi essa emoção que conquistou o Luiz Henrique Monteiro da Silva. “Esse
coral traz uma emoção para o coração da gente, porque a gente vê
pessoas com o mesmo problema, igual ao meu. É pureza que eles passam pra
gente”, afirma.
O lar Santa Luzia tem 46 anos de existência e para continuar ajudando
pessoas como a Ináh, Ricardo e Luiz, eles precisam de doações.
Nos
últimos anos o número de contribuições diminuiu muito. O espaço é
pequeno e pelo menos 40 deficientes visuais aguardam por uma vaga na
instituição, que oferece todos esses benefícios sem cobrar.
“São pessoas antigas que ajudavam o lar e os filhos não continuam a
ajudar.Os empresários também não. Então precisamos conscientizar para
receber ajuda porque nós não fazemos nada sozinhos”, explica a
presidente do lar, Nilce Regina Capasso Canavasi.
O lar aceita qualquer tipo de ajuda. Eles precisam, por exemplo, de
computadores, alimentos e principalmente dinheiro para conseguir
construir uma nova sede para a instituição, que hoje só não atende mais
gente, porque falta espaço. Eles realizam eventos para ajudar nas
despesas.
O Lar Santa Luzia fica na Avenida Castelo Branco, 24-09.
Quem quiser ajudar a conta para depósito é:
Banco:Santander 033
Agência: 4508,
conta corrente: 13.000092-2.
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