Viabilizar o desenvolvimento e a produção de recursos inclusivos, na Comunicação de Acessibilidade, para permitir o acesso ao conteúdo exibido pelos meios de comunicação e de cultura, nas suas mais diferentes manifestações, às pessoas com deficiência visual, auditiva e intelectual, tem sido um trabalho cada vez mais recorrente no mercado brasileiro.
Agências, produtoras e empresas dos mais diferentes
segmentos têm buscado esses recursos para ampliar a efetividade das suas
marcas, produtos e serviços a um público ávido por informações
assertivas.
Entretanto, os recursos inclusivos não só exigem
especialização e conhecimento por parte dos seus desenvolvedores, como
também precisam ser avaliados quanto à eficiência e qualidade.
Porque
tão importante quanto viabilizá-los, é apresentar um conteúdo que
comunique com riqueza de informações e detalhes, permitindo a desejada
autonomia.
Por isso, antes de detalhar o que é a revisão
cognitiva de audiodescrição, Mauricio Santana, diretor da Iguale
Comunicação de Acessibilidade, explica para quais recursos a revisão é
fundamental para a excelência do produto final.
São eles: a Libras
(Linguagem Brasileira de Sinais), as Legendas Open Caption e Closed Caption, a Audiodescrição e a Acessibilidade Web.
Tanto a Libras quanto
as legendas atendem as necessidade das pessoas com deficiência auditiva.
Já a Audiodescrição, que compreende a tradução audiovisual
intersemiótica (do visual para o verbal) de cenas e outros elementos de
uma obra audiovisual, é feita para a pessoa com deficiência visual e
intelectual.
E a Acessibilidade Web, por sua vez, atende a todos os
públicos, já que providenciar uma programação diferenciada para portais e
websites pode oferecer uma experiência ainda mais rica, tanto na
usabilidade quanto na navegabilidade dos mesmos.
E para que todos estes recursos atendam a contento o
público para o qual se destinam, a revisão cognitiva é fundamental. Como
explica Paulo Augusto Colaço Monte Alegre, consultor e revisor
cognitivo de audiodescrição da Iguale, além da revisão gramatical e de
estilo literário, entre outros elementos relacionados à linguagem, a
revisão de audiodescrição considera o ponto de vista da pessoa com
deficiência visual, ao respeitar uma série de aspectos.
“Uma pessoa com
visão normal pode imaginar que tais explicações são claras para um
deficiente visual, quando não são, especialmente dada a diversidade de
tipos de deficiência visual e idades que ocorrem, perfis culturais e
educacionais, dentre outros fatores", esclarece.
Monte Alegre, que é cego e que profissionalmente
especializou-se como consultor e revisor de recursos inclusivos, explica
que o profissional desta área, especialmente o revisor de
audiodescrição, deve conhecer a diversidade do público com deficiência
visual.
Deve considerar as pessoas com baixa visão, as que perderam a
visão e possuem memória das cores, as diferentes formações educacionais e
assim por diante. Deve também ter formação cultural adequada ao
conteúdo revisto.
Conhecer cinema se revisa um filme; conhecer
Literatura se revisa ilustrações de uma obra literária; conhecer temas
das Ciências Exatas se revisa gráficos, organogramas, e assim por
diante.
É preciso ainda ter habilidades para o uso de linguagens
sintéticas, sem ambiguidades e de estilo afinado à obra original.
Quando questionado sobre a principal diferença entre
um projeto com revisão e outro que não possui, Monte Alegre afirma que o
sem revisão tende a ignorar uma infinidade de detalhes que geralmente
só são perceptíveis por alguém que conhece a deficiência visual na
experiência cotidiana: nas atividades diárias, na escola, no trabalho,
nos momentos de lazer, no contato com diversas mídias, entre outras.
Monte Alegre conta ainda que quase todos os tipos de
projetos que envolvem informação visual podem ser descritos, como por
exemplo, as imagens em produtos audiovisuais, fotos, desenhos, pinturas,
esculturas, obras arquitetônicas em livros, revistas, ou em espaços
expositivos.
Uma das principais carências de audiodescrição e outras
adaptações acessíveis é, hoje, segundo o especialista, nos materiais
didáticos para crianças, jovens e adultos.
No mercado desde 2008, como empresa pioneira em
Comunicação de Acessibilidade no país, a Iguale revisa criteriosamente
cada um dos projetos dos seus clientes.
Entre os mais recentes, Monte
Alegre destaca a "biografia musical" retratando a vida e a obra da
cantora Elis Regina para o espetáculo Elis O Musical.
“Foi um trabalho
importante e desafiador, porque a obra possuía elementos cênicos muito
diversos, como dança, representações de programas de televisão, e por
isso exigiu que a audiodescrição fosse ainda mais sintética para não
atrapalhar a experiência musical da plateia e não suprimir informações
essenciais”, relata.
Outro trabalho prazeroso para a equipe da Iguale
foi a aplicação dos recursos acessíveis no material da campanha Incluir
Brincando, produzido pela TV Cultura e Vila Sésamo.
“Inclusivo,
divertido e que também exigiu enorme poder de síntese”, ressalta o
revisor.
Fonte: Rede Saci
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