24 de abr. de 2015

INCIDÊNCIA DE QUEDAS EM IDOSOS: Uma questão de saúde Pública


 


O aumento da longevidade na população brasileira tem gerado uma série de situações novas para as famílias, não menos impactante para as políticas públicas de saúde, reabilitação e qualidade de vida de pessoas tão frágeis, como os idosos.


Dados do Censo do IBGE 2010 revelaram que 23,9% da população brasileira residente no país possuíam pelo menos uma das deficiências: visual, auditiva, motora e mental ou intelectual. Ademais, a deficiência, de todos os tipos, teve maior incidência na população de 65 ou mais anos, o que significa a necessidade de maior investimento em serviços públicos para minimizar efeitos da relação do envelhecimento com a perda de funcionalidades. 


A deficiência visual teve maior prevalência em todos os grupos de idade, sendo bastante acentuada no grupo de acima de 65 anos, ocorrendo em quase a metade da população desse segmento (49,8%).


Desse modo, a associação da deficiência com o envelhecimento contribui para o aumento da incidência de acidentes domésticos, como quedas da própria altura, frequentemente, relacionados à disposição dos móveis, distribuição de tapetes, um ou outro relevo na disposição linear do piso, entre outras barreiras que cerceiam a livre circulação dos idosos dentro de seus próprios lares. 


Como a maioria dos adultos jovens (filhos, netos, bisnetos e demais entes familiares de outras gerações) costuma se preocupar apenas com a estética dos ambientes domésticos, sem atentar para o fato de que o aparentemente belo pode não corresponder ao seguro e adequado caminhar dos idosos dentro de casa.


Inevitavelmente, os índices de quedas tendem a crescer em graves proporções, e já constituem problema de saúde pública, pelos custos elevados com procedimentos emergenciais de média e alta complexidades, em unidades hospitalares públicas ou privadas. 


Ainda que o idoso seja atendido na rede hospitalar particular, maioria ocupa leitos destinados ao Sistema Único de Saúde (SUS), cujos custos da internação e demais procedimentos hospitalares são pagos pelo erário público.


Os fatores responsáveis pela incidência de quedas têm sido classificados como intrínsecos, se relacionados ao indivíduo e decorrentes de alterações fisiológicas do envelhecimento, como limitações nos órgãos dos sentidos, alterações dos reflexos e do aparelho locomotor; sedentarismo, doenças e efeitos causados pelo uso de medicações. 


E extrínsecos, fatores dependentes de ocorrências sociais e ambientais, que criam desafios ao idoso, como iluminação inadequada, superfícies escorregadias, degraus altos, ausência de corrimãos nos corredores e banheiros e calçados inadequados.


Dependendo do quadro clínico do idoso e do controle das doenças crônicas não transmissíveis (hipertensão arterial, diabetes, artroses, insuficiência cardíaca, doenças pulmonares obstrutivas, entre outras), as complicações respiratórias, cardíacas, renais, entre outras, podem requerer internações em unidades de tratamento intensivo, cujos custos se elevam sobremaneira, por isso uma questão que deveria ser tratada com mais seriedade, cuidado e responsabilidade, além de amparadas em políticas públicas mais eficientes.


Soma-se a isso a progressiva incidência de síndromes demenciais e de doenças neurológicas degenerativas nos idosos, o que requer substantivas mudanças no ritmo de rotinas das famílias. 


Para não sobrecarregar nenhum membro do núcleo familiar, e quando se dispõe de recursos para arcar com despesas na ordem de R$ 1.300,00 (pagamento de salário mais encargos sociais) mensais, recorre-se à contratação de cuidador de idosos, tornando as rotinas bem menos desgastantes para todos.


Como a renda familiar brasileira ainda é muito baixa, se comparada aos países desenvolvidos, poucas famílias podem recorrer ao trabalho do cuidador de idosos, pelo que representa em termos de custos para o seu orçamento mensal. 


A saída seria que as políticas públicas sociais e de saúde priorizassem a implantação de Centros Dia para Idosos, unidades com estrutura de equipes profissionais de saúde, esportes, artes, cultura, para que os idosos permaneçam o dia inteiro sob seus cuidados, retornando para suas casas no final do dia.


Priorizar não apenas no discurso, mas por intermédio de atitudes concretas, implementando na prática essa importante estrutura de apoio às famílias. 


Cabe ao gestor público investir para minimizar a última opção das famílias, através da internação dos idosos nas Instituições de Longa Permanência para Idosos (antigos asilos), cortando vínculos fraternos e retribuindo sem gratidão toda dedicação, amor, carinho e afeto a eles dedicados quando ainda eram indefesas crianças.


Sabemos que um idoso com Síndrome Demencial (Doença de Alzheimer) requer da família muita dedicação, atenção e cuidado, vinte e quatro horas por dia. 


Por isso, exercícios de leitura, conversas e atividades estimulantes da memória são determinantes para o envelhecimento saudável, em razão de sua associação com a autonomia e independência. 


As queixas de perda de memória não podem ser avaliadas isoladamente. Os transtornos de humor, ansiedade, isolamento social e outros fatores podem estar presentes na vida do idoso, comprometendo a saúde e favorecendo o declínio cognitivo.


Temos em Três Rios um Centro Dia para Idosos, unidade sob administração da Secretaria Municipal do Idoso e da Pessoa com Deficiência, que desenvolve trabalho e função social em nível de excelência, inclusive, modelo de gestão pública regional, estadual e nacional.



Texto: William Machado


Fonte: Rede Saci



Nenhum comentário:

Postar um comentário