O aumento da longevidade na população brasileira tem
gerado uma série de situações novas para as famílias, não menos
impactante para as políticas públicas de saúde, reabilitação e qualidade
de vida de pessoas tão frágeis, como os idosos.
Dados do Censo do IBGE 2010 revelaram que 23,9% da
população brasileira residente no país possuíam pelo menos uma das
deficiências: visual, auditiva, motora e mental ou intelectual.
Ademais, a deficiência, de todos os tipos, teve maior incidência na
população de 65 ou mais anos, o que significa a necessidade de maior
investimento em serviços públicos para minimizar efeitos da relação do
envelhecimento com a perda de funcionalidades.
A deficiência visual teve
maior prevalência em todos os grupos de idade, sendo bastante acentuada
no grupo de acima de 65 anos, ocorrendo em quase a metade da população
desse segmento (49,8%).
Desse modo, a associação da deficiência com o
envelhecimento contribui para o aumento da incidência de acidentes
domésticos, como quedas da própria altura, frequentemente, relacionados à
disposição dos móveis, distribuição de tapetes, um ou outro relevo na
disposição linear do piso, entre outras barreiras que cerceiam a livre
circulação dos idosos dentro de seus próprios lares.
Como a maioria dos
adultos jovens (filhos, netos, bisnetos e demais entes familiares de
outras gerações) costuma se preocupar apenas com a estética dos
ambientes domésticos, sem atentar para o fato de que o aparentemente
belo pode não corresponder ao seguro e adequado caminhar dos idosos
dentro de casa.
Inevitavelmente, os índices de quedas tendem a
crescer em graves proporções, e já constituem problema de saúde pública,
pelos custos elevados com procedimentos emergenciais de média e alta
complexidades, em unidades hospitalares públicas ou privadas.
Ainda que
o idoso seja atendido na rede hospitalar particular, maioria ocupa
leitos destinados ao Sistema Único de Saúde (SUS), cujos custos da
internação e demais procedimentos hospitalares são pagos pelo erário
público.
Os fatores responsáveis pela incidência de quedas têm
sido classificados como intrínsecos, se relacionados ao indivíduo e
decorrentes de alterações fisiológicas do envelhecimento, como
limitações nos órgãos dos sentidos, alterações dos reflexos e do
aparelho locomotor; sedentarismo, doenças e efeitos causados pelo uso de
medicações.
E extrínsecos, fatores dependentes de ocorrências sociais e
ambientais, que criam desafios ao idoso, como iluminação inadequada,
superfícies escorregadias, degraus altos, ausência de corrimãos nos
corredores e banheiros e calçados inadequados.
Dependendo do quadro clínico do idoso e do controle
das doenças crônicas não transmissíveis (hipertensão arterial, diabetes,
artroses, insuficiência cardíaca, doenças pulmonares obstrutivas, entre
outras), as complicações respiratórias, cardíacas, renais, entre
outras, podem requerer internações em unidades de tratamento intensivo,
cujos custos se elevam sobremaneira, por isso uma questão que deveria
ser tratada com mais seriedade, cuidado e responsabilidade, além de
amparadas em políticas públicas mais eficientes.
Soma-se a isso a progressiva incidência de síndromes
demenciais e de doenças neurológicas degenerativas nos idosos, o que
requer substantivas mudanças no ritmo de rotinas das famílias.
Para não
sobrecarregar nenhum membro do núcleo familiar, e quando se dispõe de
recursos para arcar com despesas na ordem de R$ 1.300,00 (pagamento de
salário mais encargos sociais) mensais, recorre-se à contratação de
cuidador de idosos, tornando as rotinas bem menos desgastantes para
todos.
Como a renda familiar brasileira ainda é muito baixa,
se comparada aos países desenvolvidos, poucas famílias podem recorrer
ao trabalho do cuidador de idosos, pelo que representa em termos de
custos para o seu orçamento mensal.
A saída seria que as políticas
públicas sociais e de saúde priorizassem a implantação de Centros Dia
para Idosos, unidades com estrutura de equipes profissionais de saúde,
esportes, artes, cultura, para que os idosos permaneçam o dia inteiro
sob seus cuidados, retornando para suas casas no final do dia.
Priorizar não apenas no discurso, mas por intermédio
de atitudes concretas, implementando na prática essa importante
estrutura de apoio às famílias.
Cabe ao gestor público investir para
minimizar a última opção das famílias, através da internação dos idosos
nas Instituições de Longa Permanência para Idosos (antigos asilos),
cortando vínculos fraternos e retribuindo sem gratidão toda dedicação,
amor, carinho e afeto a eles dedicados quando ainda eram indefesas
crianças.
Sabemos que um idoso com Síndrome Demencial (Doença
de Alzheimer) requer da família muita dedicação, atenção e cuidado,
vinte e quatro horas por dia.
Por isso, exercícios de leitura, conversas
e atividades estimulantes da memória são determinantes para o
envelhecimento saudável, em razão de sua associação com a autonomia e
independência.
As queixas de perda de memória não podem ser avaliadas
isoladamente. Os transtornos de humor, ansiedade, isolamento social e
outros fatores podem estar presentes na vida do idoso, comprometendo a
saúde e favorecendo o declínio cognitivo.
Temos em Três Rios um Centro Dia para Idosos, unidade
sob administração da Secretaria Municipal do Idoso e da Pessoa com
Deficiência, que desenvolve trabalho e função social em nível de
excelência, inclusive, modelo de gestão pública regional, estadual e
nacional.
Texto: William Machado
Fonte: Rede Saci
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