Numa noite de agosto, buracos nas calçadas da avenida Paulista e das
ruas Augusta e Peixoto Gomide (centro de São Paulo) receberam 40
curativos gigantes vermelhos.
Eram parecidos aos usados normalmente em
machucados, mas de tamanhos proporcionais às irregularidades no chão que
pretendiam "curar".
O ato faz parte de uma pequena intervenção, que recebe o nome de "Curativos Urbanos"
e é promovida por um grupo de amigos --cinco deles moradores da cidade e
uma sexta pessoa do Rio de Janeiro. "Estamos nos planejando para
colocar os curativos no sábado [1º ] e no domingo [2] à tarde na região
central de São Paulo.
Ainda não temos os endereços definidos porque
vamos fazer uma espécie de mapeamento dos buracos da região até
sexta-feira [31]. Mas devemos colocar por volta de 50 curativos nos dois
dias", revela Renato Forster, um integrantes da ação.
Duas arquitetas, uma jornalista, uma profissional de relações públicas,
uma publicitária e um designer, todos eles com gosto particular pela
discussão dos problemas das metrópoles que habitam.
Ainda que o escopo
do grupo, segundo a publicitária gaúcha Jennifer Heemann, 28, seja
analisar a cidade com foco em problemas de grande magnitude --como
poluição, transporte público e uso dos espaços públicos--, o coletivo
não ignora as possibilidades abertas por gestos menores e mais baratos.
Com pouco mais de R$ 120, gastos em plástico EVA, fita adesiva e cola
do tipo super-bonder, os amigos confeccionaram curativos de três medidas
diferentes (60 cm x 30 cm, 40 cm x 20 cm e 30 cm x 15 cm). Jennifer diz
que, ao aplicá-los junto aos buracos e às rachaduras, o objetivo é
chamar a atenção para as dificuldades de locomoção na cidade e, mais do
que isso, incluir os próprios pedestres no problema e em sua discussão.
"É uma grande brincadeira com o intuito de levar um pouco de crítica ao
dia a dia dos moradores de São Paulo. A cidade é cheia de problemas que
são ignorados como se não fossem da importância de ninguém. Queremos
que as pessoas também se sintam responsáveis por onde vivem", ela
explica.
A primeira região a passar pelo "tratamento" foi a da Paulista e
arredores. Como o local é varrido frequentemente pelos serviços de
limpeza, a intervenção resistiu apenas dois dias, mas foi fotografada e
filmada pelo grupo. Os resultados dessa e de novas ações --já sendo
planejadas para São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre--, serão
publicados na página do grupo no Facebook.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br (Trajano Pontes)
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