Vestidos com camisas azuis e levando cartazes e
apitos familiares de portadores de autismo realizaram uma passeata de
conscientização sobre a doença nesta quarta-feira (1), em Rio Branco.
A
concentração foi realizada na Praça da Revolução e, logo depois, as
famílias seguiram pelas ruas do Centro da capital acreana até a
Assembleia Legislativa (Aleac), onde foi apresentado o Projeto de Lei
que visa reconhecer os direitos do portador de autismo. A proposta é do
deputado estadual Daniel Zen.
A funcionária pública Kamila da Rocha, de 30 anos,
participa da passeata com o filho João Lucas, de 3 anos. Sem um laudo
conclusivo, Kamila conta que descobriu que o filho tinha a doença quando
ele tinha 1 ano e 8 meses. A partir de então começou o tratamento com o
filho.
Para Kamila, a passeata é uma forma de mobilizar a
opinião pública sobre a doença e sobre o tratamento realizado nos
portadores. "A passeata é importante para divulgar para as pessoas mais
sobre a doença e seus efeitos. É uma luta diária que a gente tem com
eles.
Então, é bom que as pessoas se conscientizem que existem vários
graus da doença e que tem tratamento. Quando eu digo que o João tem
autismo, ninguém acredita porque ele parece uma criança normal",
revelou.
De acordo com a funcionária, a família só descobriu
que a criança era autista, porque sua irmã, que é pedagoga, percebeu os
sintomas em João.
"Minha irmã começou a verificar alguns traços da
doença nele, porque ele se isola, não gosta de barulho e tem
dificuldades para falar e se expressar", conta.
Mãe de duas crianças, sendo que a mais nova é
autista, Gleide Cavalcante, de 38 anos, trouxe os filhos para a passeata
com o intuito de conhecer as demais famílias dos portadores e mostrar
para a sociedade que a filha pode ser uma criança como as demais.
"Estamos mostrando que uma criança autista é capaz de
lutar por seus direitos, porque elas têm direitos e às vezes as pessoas
não sabem o que é e pensam que são crianças birrentas e que não podem
nada.
As crianças com autismo são super inteligentes, minha filha é
meiga. Queremos mostrar para a sociedade que a criança autista é capaz
de qualquer coisa, tem que ser amada e respeitada", argumenta.
As famílias que participaram da passeata fazem parte
da Associação Família Azul do Acre (Afac).
De acordo com o presidente da
Afac, Arthur Leite, a associação serve para buscar ajuda para o
tratamento e orientar as famílias sobre os cuidados com os portadores.
Atualmente, segundo Arthur, existem mais de 11 mil pessoas com o
transtorno no estado.
"A Afac começou com um grupo de família na rede
social que começaram a trocar informações para se ajudar, amparar quem
acabou de receber o laudo, informar sobre os médicos, auxiliar sobre a
doença. Hoje temos 83 famílias no estado, temos todo um trabalho de
identificar e ajudar as famílias de baixa renda mostrando os direitos
que ela têm, ajudando os pais a procurar medicação, consulta, ajudar com
a parte do acesso aos benefícios e principalmente trabalhar a parte de
orientação familiar".
Ainda de acordo com o coordenador, a passeata também
é uma forma de comemorar o Dia Mundial do Autismo, comemorado nesta
quinta-feira (2).
"Amanhã é o Dia Mundial do Autismo e como é feriado e não haveria
sessão na Aleac, nós antecipamos para hoje nossa passeata. As famílias
sofrem todo tipo de preconceito, com laudo médico equivocado,
preconceito na escola, desagregação familiar, é um problema que fica
escondido. Queremos dar visibilidade para o problema", explica.
Projeto de lei
Além de chamar a atenção da sociedade sobre os portadores de
autismo, a passeata realizada pelos familiares foi uma forma de juntar
os membros da Afac para participar de um sessão ordinária na Aleac, onde
o deputado estadual Daniel Zen apresentou o projeto de lei que protege
os direitos da pessoa com autismo.
"Vamos até a Assembleia Legislativa porque o Daniel
Zen vai reapresentar o projeto que está parado há três anos. O projeto
de política estadual que estabelece direitos à pessoa com autismo e isso
infelizmente nunca andou dentro da casa, então, a família azul pediu
que o projeto fosse revisado e que tivéssemos o mínimo de política
voltada para esse assunto que é tão esquecido", diz.
Segundo o deputado estadual Daniel Zen, o projeto
visa proteger aos direitos dos portadores da doença, oferecendo mais um
atendimento melhor, com médicos especializados no atendimento e na
educação.
" O projeto estabelece uma série de parâmentos e
protocolos de atendimento tanto na educação como na saúde e na
assistente social. Na educação ele estabelece como será o atendimento e a
inclusão da criança com autismo nas classes comuns no ensino regular e
o também no atendimento educacional domiciliar. Já na saúde, ele
estabelece a necessidade de que o estado designa onde as unidades de
saúdes sejam referência no atendimento do portador da doença", diz.
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