
O estudante Bruno de Souza de Nazaré, de 19 anos, está no 3º ano do
ensino médio na escola Carmelita do Carmo, bairro Buritizal, Zona Sul de
Macapá.
Com apenas 15% da visão desde os 8 anos, ele vai prestar pela primeira vez o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Bruno vai necessitar de uma prova diferenciada com fontes ampliadas. A avaliação será aplicada em 26 e 27 de outubro.
Bruno diz que os médicos alertaram que existe a possibilidade de ele
ficar cego repentinamente.
Mesmo assim ele estuda o dia todo para fazer o
Enem e tentar ingressar no curso de Direito da Universidade Federal do
Amapá (Unifap) em 2014.
"Já nasci com esses problemas nos olhos, que fizeram eu perder boa
parte da minha visão. Os médicos dizem que existe a possibilidade de
dormir e acordar cego, mas ainda assim a minha preparação para o Enem
está muito corrida.
Ao acordar, às 7h, eu começo logo a estudar. À
tarde, eu vou para a escola e, durante a noite, eu fico em casa também
estudando até dar sono", relatou o estudante.
Na preparação para o Enem, Bruno conta com a ajuda dos professores que
ampliam as fontes das apostilas para o estudante visualizá-las
melhor.
"Quando os professores passam algum material, ele é enviado com
uma semana de antecedência ao setor de ensino especial da escola para
que as apostilas tenham as letras ampliadas. Mesmo assim, existem casos
em que eu acabo perdendo. Quando acontece isso, tento prestar atenção ao
máximo na explicação do professor", contou.
"Pedimos o material com antecedência para que ele não se sinta excluído
dentro da sala de aula, ainda mais neste ano que Bruno está no 3º ano e
se dedica bastante aos estudos", afirmou a professora de ensino
especial da escola Carmelita do Carmo, Claudete da Silva, de 44
anos. Outra dificuldade provocada pela baixa visão acontece dentro da
sala de aula, quando o professor escreve algo na lousa. "Às vezes, peço
para o professor escrever em letras grandes para eu poder copiar no meu
caderno. Eles entendem", disse.
Somado aos estudos, Bruno também opta em ficar em casa durante a noite
por causa da deficiência nos olhos. "As minhas maiores dificuldades
acontecem à noite, quando chove e ao andar de bicicleta, uma das coisas
que mais gosto, mas isso eu prefiro evitar porque a minha avó fica
preocupada. (...) Ela, por exemplo, ao saber que tinha apenas 15% de
visão, fez até promessa à Santa Luzia, conhecida como protetora dos
olhos e da visão, para que o meu problema não agravasse. Desde os 8 anos
de idade, quando parei de perder a visão, ela começou a distribuir
folhetinhos da santa durante o Círio de Nazaré", relatou.
Mesmo com todas as dificuldades provocadas pela perda de 85% da visão, o
estudante diz tentar levar a rotina com naturalidade. "Com 19 anos, eu
tento levar a minha vida como a mais normal possível. É difícil eu fazer
várias coisas à noite, entre elas, ler um livro, por exemplo, porém,
ainda assim eu tento. (...) Temos que ir atrás do que a gente quer
através dos estudos e perseverança porque é a única forma de chegarmos a
algum lugar", frisou.
Fonte: G1 Amapá
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