
Sacar dinheiro, fazer transferências, depósitos, consultas a extratos e
saldos. Essas entre tantas outras movimentações bancárias podem gerar
dúvidas e confusões aos correntistas.
Agora imagine a situação de quem
necessita fazer as mesmas transações e não enxerga? Além de obstáculos
estruturais a vencer durante o percusso até os bancos, deficientes visuais vêm "esbarrando" na falta de acessibilidade em muitas agências bancárias da capital alagoana.
Cego há três anos em decorrência da diabetes, Rinaldo
José dos Santos, 43, relatou o incômodo que é ter que
depender de alguém para ir ao banco.
"Nem sempre nossos familiares têm
tempo ou se dispõem a nos acompanhar até as agências. Tem que ser alguém
de confiança, pois, hoje em dia, até pessoas que enxergam caem em
golpes na boca do caixa", afirmou.
"Nenhum banco que vou aqui possui
linguagem em braile nas teclas. A tecnologia por um
lado ajuda e por outro atrapalha no nosso caso, já que a maioria dos
caixas eletrônicos têm tela touchscreen. Eu perdi a visão com 40 anos,
já conheço e tenho uma ideia sobre os sistemas, mas fico imaginando a
dificuldade de quem nunca enxergou", completou Santos.
Miriam Caetano Peixoto, 44, que perdeu a visão aos 35 anos em
consequência de glaucoma, destacou que o ideal seria que os bancos
disponibilizassem fones de ouvido. "Nem todo deficiente visual sabe ler
em braile, então o mais correto seria ter fones de ouvidos".
"O negócio é depender sempre de alguém da família ou amigo para nos
ajudar, pois pessoas estranhas também ficam um pouco desconfiados quando
pedimos ajuda. Gostaríamos de ser independentes e não precisar da ajuda
de ninguém", afirmou Rosângela Vieira Cardoso.
Regras da ABNT
Regras da ABNT
Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT),
acessível é “o espaço, edificação, mobiliário ou elemento que possa ser
alcançado, visitado e utilizado por qualquer pessoa, inclusive aquelas
com deficiência”. O termo acessível implica tanto em acessibilidade
física, como de comunicação.
O acesso prioritário às edificações e serviços das instituições
financeiras deve seguir os preceitos estabelecidos nas normas da ABNT.
Entre as exigências estão os assentos de uso preferencial sinalizados,
espaços e instalações acessíveis; serviços de atendimento para pessoas
com deficiência auditiva, prestado por intérpretes ou pessoas
capacitadas em Língua Brasileira de Sinais (Libras);
admissão de entrada e permanência de cão-guia ou cão-guia de
acompanhamento junto de pessoa portadora de deficiência ou de treinador,
entre outras.
A ABNT também especifica como deve ser a sinalização tátil das teclas
numéricas, tamanho, textura, espaçamentos e curso e força de acionamento
das teclas.
Acessibilidade inaqueda
Na última semana, a reportagem do G1 percorreu as principais agências
bancários do centro de Maceió. Apesar da greve dos bancários, 30% dos
serviços essenciais foram mantidos e os caixas eletrônicos estavam
funcionando.
A reportagem observou que a maioria dos caixas nas agências não possuem
teclas com braile e as poucas que disponibilizam dispositivos de áudio,
não fornecem fones de ouvidos, a exemplo dos bancos Bradesco, Itaú,
Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.
Nos bancos Bradesco e Itaú, funcionários com coletes "Posso Ajudar"
orientavam correntistas sobre as transações bancárias. Uma das
funcionárias, que preferiu não se identificar, afirmou que auxilia
deficientes visuais, intelectuais e qualquer outra pessoa que necessite
de ajuda.
O Banco do Brasil informou por meio da assessoria de comunicação que
todos os terminais das agências bancárias possuem dispositivos auditivos
e que a empresa orienta que os clientes utilizem fones de ouvidos
próprios por questão de higiene.
Já o Bradesco afirmou que todas as agências dispõem de pelo menos um
terminal de autoatendimento acessível para pessoas com deficiência. O
banco afirmou ainda que segue as normas da ABNT.
O banco Itaú informou que disponibiliza funcionários para ajudar no
autoatendimento nos caixas eletrônicos. O G1 entrou em contato com a
assessoria de comunicação da Caixa Econômica Federal, mas até o
fechamento desta publicação, a reportagem não obteve retorno.
Fonte: G1 Alagoas
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