Uma peça de teatro encenada por cadeirantes, pessoas com síndrome de Down e deficientes visuais e auditivos e uma exposição com pinturas e esculturas também confeccionados por deficientes fazem parte do 1º Festival de Cultura Inclusiva do Distrito Federal, realizado até 22 de setembro no Centro Cultural Banco do Brasil.
Segundo a artista plástica Lurdinha Danezy, idealizadora do projeto, a
ideia é mostrar a capacidade criativa e produtiva das pessoas com
deficiência e inclui-las nos espaços culturais.
Lurdinha é mãe do pintor e artista plástico Lucio Piantino, que tem
síndrome de Down. Ele também é ator e está na peça de teatro Diversos Dias,
encenada no festival. Piantino tem ainda trabalhos na exposição.
A
artista plástica explicou que o preparo para organizar o festival, com
recursos do Fundo de Amparo à Cultura (FAC) e da Petrobras,
começou em janeiro deste ano. “Fizemos oficinas de pintura, papel
machê, escultura em argila e teatro.
A gente foi preparando o material
para este festival. Há trabalhos de aproximadamente 30 pessoas, a grande
maioria deficiente”, disse.
De acordo com Lurdinha, entre os alunos e professores das oficinas
atuam deficientes e não deficientes.
“A nossa proposta é estabelecer uma
relação entre pessoas com e sem deficiência. As aulas de escultura em
argila foram ministradas por um escultor cego, o Flávio Luís. A
professora de cerâmica foi a Marta Guedes, que é deficiente visual. A
peça de teatro foi construída em conjunto com a diretora Mônica Gaspar, a
partir das vivências dos participantes”, explicou.
Alguns objetos da exposição também têm relação com as vivências de seus
idealizadores. É o caso do alfabeto Braile em cerâmica. O espaço tem
ainda toda a acessibilidade necessária, como audiodescrição das peças expostas e intérprete da Língua Brasileira de Sinais (Libras).
A proposta do festival impressionou visitantes como o servidor público Anderson Araújo Couto, de 30 anos.
“Eu percebi que eles [deficientes visuais] retratam bastante as mãos.
Talvez porque as usam para sentir, visualizar. É curioso ver também
trabalhos do pessoal com hanseníase, que tem a visão mas não a
sensibilidade nas mãos. É justamente o oposto dos deficientes visuais. É
um outro olhar. Não é um artista que tem a habilidade da técnica. Eles
têm a habilidade do coração”, disse.
Após a temporada no Centro Cultural Banco do Brasil, o 1º Festival de
Cultura Inclusiva segue para o espaço Cia. Lábios da Lua, no Gama,
cidade a 30 quilômetros de Brasília. De acordo com Lurdinha Danezy,
depois disso a ideia é buscar apoio para levar o evento a outras
cidades.
Fonte: Jornal do Brasil
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