16 de ago. de 2012

Brasileiros dão nota 3,55 às calçadas de suas cidades

Rampa de acessibilidade na calçada

Após cem dias de trabalhos, a Campanha Calçadas do Brasil chega ao fim com expressiva participação de voluntários de todas as regiões do país. Iniciativa do Mobilize Brasil, movimento em prol da mobilidade sustentável, a campanha foi iniciada no dia 25 de abril deste ano, com a divulgação de levantamento inédito sobre a situação das calçadas em pontos-chave de 12 capitais brasileiras. 

A partir da divulgação, que obteve ampla cobertura da mídia, o público foi convidado a também avaliar as condições dessa infraestrutura em suas cidades, ruas e bairros, utilizando os mesmos parâmetros do estudo.

O resultado das duas etapas da campanha são 126 pontos urbanos avaliados, totalizando 228 ruas e avenidas em 39 cidades de todas as regiões do país. A nota média dos 228 locais ficou em 3,55, número muito baixo se considerado que a nota mínima para uma calçada de qualidade aceitável é 8, segundo os critérios estabelecidos pelo Mobilize. Apenas 6,57% dos locais avaliados obtiveram nota acima desse indicador. E 70,18% das localidades avaliadas obtiveram médias abaixo de 5.

De forma geral, os voluntários foram bastante críticos na avaliação de suas cidades. E vários deles enviaram comentários e fotos sobre situações degradantes. Alguns atribuíram notas às calçadas de cidades como um todo e não a uma rua ou avenida. É o caso de Palmas (TO), Araguaína (TO), Florianópolis (SC), Itapema (SC), Santos (SP), Cascavel (PR), Caxias do Sul (RS), Eldorado do Sul (RS), Juazeiro do Norte (CE), Porto Velho (RO), Pará de Minas (MG) e Ananindeua (PA). Como se tratam das únicas referências disponíveis, as notas foram consideradas.

Para permitir a colaboração de cidadãos na campanha Calçadas do Brasil, o Mobilize disponibilizou, no portal www.mobilize.org.br, formulário idêntico ao utilizado por seus avaliadores na primeira fase da campanha e ferramenta para publicação dos resultados e de imagens. Os itens avaliados nas duas fases, para os quais foram atribuídas notas de zero a dez, foram: irregularidades no piso, largura mínima de 1,20 m, degraus que dificultam a circulação, obstáculos (como postes, telefones públicos, lixeiras, bancas etc), existência de rampas de acessibilidade, Iluminação, sinalização para pedestres, e paisagismo para proteção e conforto.

Os resultados da campanha serão agora repassados aos Ministérios Públicos, prefeituras e ao Ministério das Cidades. O primeiro a receber cópia do documento foi o promotor Maurício Lopes, do Ministério Público de São Paulo. Lopes aderiu ao pleito e comprometeu-se a participar do Seminário Mobilize, em novembro próximo.
A campanha Calçadas do Brasil

Chamar a atenção da opinião pública para o problema da má qualidade, falta de manutenção e até ausência das calçadas no país, e estimular as pessoas a denunciar os problemas em suas cidades e pressionar as autoridades.

 Foram esses os propósitos da Campanha Calçadas do Brasil. “Calçadas com boa qualidade são um equipamento fundamental para a mobilidade urbana sustentável. Ainda mais no Brasil, onde, segundo o IBGE (2010), cerca de 30% das viagens cotidianas são realizadas a pé”, afirma o coordenador da campanha, Marcos de Sousa.

Segundo Marcos, calçadas devem ser suficientemente largas e, sempre que possível, protegidas por arborização para conforto de quem anda sob o sol. E bem iluminadas, para quem caminha à noite. E ainda, devem ser complementadas por faixas de segurança, equipamento básico para a travessia segura das ruas. Além disso, semáforos especiais, placas de sinalização e outros equipamentos de segurança podem ser necessários nas vias de maior movimento.

“Alguns pensadores afirmam que se pode medir o nível de civilização de um povo pela qualidade das calçadas de suas cidades. E há quem diga que a qualidade das calçadas públicas é melhor indicador de desenvolvimento humano do que o próprio IDH. Afinal, as cidades são feitas para pessoas, seres humanos que primordialmente caminham”, justifica


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