10 de dez. de 2013

Piso para cegos dá em poste e em barra de proteção em Araraquara (SP)

Piso em curva com piso tátil
Adaptações de mobilidade urbana feitas em Araraquara (SP) no segundo semestre deste ano e que custaram R$ 1 milhão foram instaladas de maneira incorreta, segundo o presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil, Lincoln Amaral. 


Deficientes visuais encontram dificuldades para se orientar no piso tátil colocado na Avenida Sete de Setembro, por exemplo. Em uma calçada, o piso especial dá em um poste e em outro trecho há uma barra de proteção na esquina, além de ter sido instalado muito próximo ao meio fio. Segundo a Prefeitura, as adaptações servem apenas como alerta.
 
O atleta Fábio Scaramboni não enxerga há 6 anos e precisa da ajuda de uma bengala para caminhar. 


Ele percorreu o trecho da Avenida Sete de Setembro com uma equipe do Jornal da EPTV e, apesar de estar acostumado a andar pelas ruas do Centro da cidade, sentiu dificuldades com os obstáculos que encontrou pelo caminho. 


“Fiquei totalmente perdido e em vez de ajudar pode machucar, além de ser perigoso”, comentou.


O piso tátil que foi colocado em toda a extensão confunde quem não enxerga e precisa dele para circular. Na verdade, é uma guia que serve apenas como um alerta com pequenas bolas. Deveria ter sido colocado só nos locais onde existisse algum tipo de obstáculo. 


Mas da forma como está, não impediu Scaramboni de bater de frente com um poste bem no meio do caminho. “Estou fazendo muita força no braço, não posso andar assim, é muito perigoso”, disse.
 
Erros
 

O presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil Lincoln Amaral explica que segundo as normas da Agência Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) o correto é que as calçadas tenham um piso direcional formado por gomos retos, e um piso de alerta que fique antes dos obstáculos.


“Esse piso é de atenção, quando tem mudança de rumo, e aqueles de filetes é para direcionar”, explicou.


Os dois tipos de piso especiais devem estar sempre a uma distância de 50 centímetros do meio fio e em linha reta para evitar acidentes. 


Nas calçadas da cidade, o piso também está em curvas, o que, segundo o especialista, é um erro de projeto. 


“Às vezes a calçada não permite porque é estreita, então é melhor não colocar”, comentou Amaral.
 
Outro ponto perigoso é em uma esquina onde tem um orelhão. “Tem que ter uma demarcação, como se estivesse um quadrado desenhado, em que você chega com o piso de alerta para parar do lado do orelhão, senão vai bater”, disse.

Reforma
 

O investimento nas adaptações de mobilidade urbana é de cerca de R$ 1 milhão, segundo a Secretaria de Desenvolvimento Urbano. 


“É melhoramento na parte de trânsito, tráfego e na acessibilidade da maioria da população, tanto para idosos, gestantes, pessoas com mobilidade reduzida, todo mundo”, explicou a secretária Alessandra de Lima.


A secretária diz ainda que a intenção é que o piso fosse usado como sinalizador e que em alguns pontos a calçada tem menos de 1,5 metro de largura e por isso não foi possível colocar o piso que serviria de guia.


“É mais para que as pessoas vejam que há um alerta, não é para que o deficiente visual ande por ele, é para que ele sinta que está diferente e na textura, que é a bolinha, perceba que tem um obstáculo. 


E está na calçada inteira porque tem o obstáculo de nível de guia, dos postes e o rebaixamento da guia e se eu colocasse o piso direcional em um metro de largura eu teria dificuldade com os outros pedestres que não são deficientes visuais”, afirmou.





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