O Dia Nacional do Cego, 13 de dezembro, é um dia para comemorar e celebrar as conquistas e possibilidades das pessoas com deficiência visual.
Figuras como Dorina Nowill,
que dedicou sua vida à inclusão de pessoas cegas e com baixa visão no
Brasil, os talentosos cantores Ray Charles, Steve Wonder e Andrea
Bocceli, além do humorista brasileiro Geraldo Magela, são verdadeiros
protagonistas de sua própria história.
Estes são apenas alguns exemplos
de que é possível ultrapassar a barreira de uma limitação e alcançar
objetivos. Estas pessoas ficaram famosas não por sua cegueira, mas sim
por seu talento e determinação para realizar seus sonhos e objetivos.
Com luta, determinação e garra alcançaram o que a Fundação Dorina Nowill para Cegos considera essencial na vida de uma pessoa com deficiência visual: autonomia e independência.
Este foi um dos objetivos de Dorina de Gouvêa Nowill quando ficou cega
aos 17 anos e deu início ao que é hoje a instituição com seu nome. Em 67
anos, já passaram pela Fundação Dorina milhares de pessoas que tiveram
suas vidas e rotinas transformadas.
E é com o foco de garantir a
cidadania, que a organização atua para facilitar a vida de quem não tem a
visão como aliada e aprimoram os outros sentidos para executar
atividades diversas do dia a dia e do trabalho.
A vida não perdeu a cor
Segundo dados do IBGE, há 6,5 milhões de pessoas com deficiência visual
no Brasil e cerca de 1500 frequentam a Fundação Dorina, anualmente,
para receber diferentes tipos de atendimentos.
Laís Nascimento, 25 anos,
é uma das pessoas que conheceram a instituição como um caminho para sua
reabilitação após perder a visão subitamente. Devido ao glaucoma
diagnosticado logo que nasceu, ficou cega aos 22 anos. De um instante
para o outro percebeu que sua vida mudaria totalmente.
“Estava trabalhando quando a pressão do meu globo ocular aumentou,
desmaiei e perdi a visão no mesmo momento”, explica. “Fiquei meio
desorientada, mas recebi muito apoio da minha família quando soubemos
que a vida seria diferente”.
Após detectar a perda da visão, os médicos
sugeriram intervenções cirúrgicas com a tentativa de reaver resíduos
visuais ou até mesmo recuperar a visão de Laís. Foram feitas
quatro
cirurgias e, sem os resultados esperados, Laís optou por reavaliar a
maneira como seguiria a vida e resolveu se adaptar a um novo modo de
viver.
“Entrei em uma fase de decisão e precisava escolher ‘fico parada ou vou
fazer alguma coisa?’ Foi quando minha mãe soube da Fundação Dorina e aí
sim tive a resposta: vou fazer não só uma, mas várias coisas”, conta.
“Frequento a Fundação há 1 ano e meio e tudo que é oferecido eu me
candidato. Fiz a reabilitação para aprender a me locomover sozinha pela
cidade, fazer os cursos e manter minha independência.
Na Fundação
Dorina, fiz o curso de informática, de rotinas administrativas e estou
terminando o curso de Avaliação Olfativa para Pessoas com Deficiência
Visual”.
Laís é um dos exemplos de perseverança de quem não deixou que a vida
perdesse a cor ao perder a visão. Hoje, o olfato tomou conta de parte do
seu dia e ela já sentiu o cheiro de mais de 500 fragrâncias e
matérias-primas.
Ela é a representante de turma no curso pioneiro de
Avaliação Olfativa para Pessoas Com Deficiência Visual e tenta
participar de todas as atividades propostas pela instituição, tirando o
máximo de proveito do aprendizado.
“Meu maior sonho é voltar ao mercado
de trabalho, então, todas as formas que percebo que poderão enriquecer
meu conhecimento, me envolvo e na Fundação Dorina tenho tido muitas
oportunidade”, conclui Laís.
Despertando habilidades
A Fundação Dorina visa valorizar e ressaltar as habilidades das pessoas
cegas e com baixa visão com atendimentos especializados. Quem chega à
instituição recebe todo apoio de uma equipe multidisciplinar de Serviços de Apoio à Inclusão
que propõe ações e acompanhamento para um cotidiano comum, sempre
respeitando as limitações e interesses individuais.
Pessoas com
deficiência visual e seus familiares recebem suporte para terem pleno
conhecimento de suas capacidades e também despertam os outros sentidos
para que as barreiras do dia a dia sejam ultrapassadas.
Com a produção e distribuição de livros e materiais acessíveis
– impressão em letra ampliada, braille, livros em áudio e digitais – a
instituição promove o acesso à informação, cultura, entretenimento e
conhecimento específico.
Os serviços e atendimentos especializados
buscam manter as tarefas da vida diária, como cozinhar, arrumar a casa,
costurar, enquanto a orientação em mobilidade garante mais segurança e
independência na locomoção por onde quer que o cego deseje ir.
E há
também cursos de capacitação profissional, área que busca a inclusão das
pessoas com deficiência visual no mercado de trabalho.
Tornando o mundo mais acessível
Empresas que buscam atender de maneira acessível a todos os públicos
contam com consultoria e prestação de serviços da unidade de negócios
sociais Soluções em Acessibilidade.
Para que possam fazer parte de uma
sociedade igualitária, empresas buscam a área afim de transformar
materiais em formatos acessíveis, como cardápios, bulas, embalagens de
produtos diversos e outros; consultoria técnica e treinamentos
específicos sobre assuntos relacionados à acessibilidade; projetos de
inclusão no mercado de trabalho; construção de projetos sociais de
responsabilidade social com isenção fiscal entre outros.
Há todo um
trabalho para que os diversos ambientes estejam preparados para receber
pessoas com deficiência visual.
Cultura acessível
Na instituição, o Centro de Memória Dorina Nowill,
preserva a história da luta das pessoas com deficiência visual no Brasil
e conta como a Fundação Dorina está relacionada a este contexto.
Há
máquinas de escrever em braille de 1940 e também os modernos softwares
que permitem o acesso à informação às pessoas com deficiência visual.
O
local é mais uma opção de roteiro cultural acessível em São Paulo por
ter sido desenhado em cima do desenho universal, conter audiodescrição,
maquete tátil, piso tátil.
Adultos e crianças podem conhecer a exposição
com o auxílio de educadores e audioguia.
Todos os textos de exposição e
legendas das peças expostas contam com versão em braille e fonte
ampliada, além da Pentop, um recurso inovador que permite a
audiodescrição das sessões da exposição e maquetes.
Este é um espaço cultural que conta histórias e perspectivas sobre a
luta das pessoas com deficiência visual no Brasil.
A exposição “E tudo
começou assim: ações, projetos e histórias que mudaram a vida das
pessoas com deficiência visual” é uma viagem sensorial que inclui
interatividade, participação, recursos sonoros, olfativos e auditivos,
totalmente acessível para pessoas com deficiência física e visual.
A
visitação é gratuita mediante agendamento. A visita também percorre
parte da Fundação Dorina Nowill para Cegos e é possível conhecer uma
gráfica de materiais em braille, por exemplo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário