Não é fácil falar com qualquer criança sobre as
mudanças que o corpo passa durante a puberdade. Mas o desafio de
explicar pode ser maior quando a criança pode ou não entender porque têm
disfunções que comprometem a compreensão ou a expressão de dúvidas e
opiniões.
Aqui está um passo- a-passo, que é uma sugestão, de
como podem ser discutidas as mudanças físicas e emocionais que ocorrem
nessa fase:
1 . Escolha um momento privado
Escolha um momento que pode falar com a criança em particular para
não gerar uma situação de constrangimento. Prepare-se para qualquer
reação, tipo risadas descontroladas. Fique atento porque essa pode ser
uma reação que sinalize que a criança não está à vontade e aquele pode
não ser o momento. Tenha sensibilidade para reconhecer esses momentos e
perceba que essa conversa deve surgir de forma natural.
2 . Pergunte o quanto seu filho já sabe
Esse pode ser um começo! Doug Goldberg, um blogueiro de Educação
Especial, recomenda perguntar o que a criança já sabe como um ponto de
partida para a conversa. A maioria das crianças estão conscientes das
diferenças físicas entre crianças e adultos por viver momentos simples
como a mudança de roupas e por presenciar o banho do papai ou da mamãe.
3. Use termos cientificamente corretos
Crianças com algumas doenças ou deficiências, como Autismo, pode
perseverar em uma determinada palavra ou frase e usá-la para o resto de
suas vidas. Por esta razão, é importante desde o início usar a
terminologia científica para partes do corpo e funções. Muitos adultos
nem sabem os termos corretos, então é importante procurá-los de antemão.
Por exemplo , as meninas têm vulva, grandes lábios, pequenos lábios ,
clitóris, uretra e vagina. Os meninos têm testículos , a bolsa escrotal
(ou saco escrotal), pênis, glande e uretra.
Alguns pais temem que os termos científicos sejam
muito complicados para os seus filhos, mas esses termos realmente podem
simplificar as coisas a longo prazo porque não podem ser confundidos com
outros conceitos.
4 . Esclareça que cada um tem seu tempo
Um corpo em mudança (rápida ou vagarosa) pode ser motivo de
ansiedade ou alarme para algumas crianças. Esclarecer que as mudanças
corporais todos vão passar, alguns mais rapidamente do que outros, é
normal! Cada um no seu tempo. O importante é esclarecer que o corpo de
cada pessoa muda de uma forma que é adequado para aquela pessoa.
5. Ler um livro
Para algumas crianças são mais fáceis explicações visuais que
verbais. Histórias sociais podem ser uma forma de criar curiosidades
quanto a puberdade, e eles podem ter essas histórias como uma referência
sempre que necessário.
Existem também alguns livros ilustrados sobre a
puberdade para crianças mais novas aprenderem sobre as mudanças do
corpo. (Vocês têm alguma sugestão de livros com esse tema? Comentem e
sugiram!)
6. Explique os estágios da puberdade
Os filhos precisam de exemplos específicos para entenderem as
mudanças. Mostre como e porque ele deve usar desodorante. Use exemplos
práticos ao longo de várias conversas para esclarecer sobre as fases que
resultam em mudanças como as de altura, voz , condição da pele e humor.
Saliente que tudo não acontece de uma vez – na verdade existem cinco
estágios de puberdade durante um período de quase 10 anos.
7. O Corpo é sagrado
Uma coisa que sempre se deve enfatizar para as crianças é que seus
corpos são sagrados, e eles são responsáveis pelo cuidado e bem-estar
deles. Use exemplo de avôs que são ativos e animados mesmo idosos – um
grande exemplo de alguém que tomou conta de seu corpo e que tem uma vida
longa e feliz. Enfatize as coisas positivas que a criança faz todos os
dias para manter a sua saúde e força – exercício, hábitos saudáveis de
alimentação, higiene – todos estes são sinais de sua autoestima e senso
de cuidado.
8. Falar sobre o que é inapropriado
As estatísticas sobre o abuso sexual de pessoas com deficiência
física e intelectual são surpreendentes e de partir o coração: são de 4 a
10 vezes mais propensos a serem vítimas de violência sexual do que as
pessoas sem deficiência, e apenas 3% desses ataques são relatados à
polícia.Portanto, é obrigatório fornecer informações sobre o que fazer
se alguém tentar algo impróprio.
Explique que ele tem uma escolha de abraçar e de
beijar quem quiser. Se ele não quer participar na partilha de afeto, ele
está sempre autorizado a dizer não. (Mesmo se a vovó só quer dar beijo
de adeus)
Tenha certeza que ele entendeu que pode dizer não, mesmo para um
adulto que respeita e deve obediência. Ninguém ficaria chateado com ele
por dizer a verdade Faça também uma lista dos adultos de confiança que
ele pode se aproximar em uma emergência. Isso é algo que nunca deve ser
mantido em segredo!
9. Disponibilidade para esclarecer dúvidas
Diga também que nada vai ser surpreendente, que ele pode perguntar
tudo e ainda terá o amor das pessoas, não importa o que ele precisar
perguntar ou contar.
10. Repita conforme necessário
Talvez essa seja a mais importante recomendação no caso de crianças
com deficiência, a maioria dessas informações podem não ficar na
primeira vez que for apresentada, por isso essa é uma conversa que pode
durar vários anos. Toda vez que ele vê uma ligeira mudança em seu corpo,
volte ao básico novamente. Quando ele começar a esquecer-se de usar
desodorante, lembre que é necessário pelas mudanças no corpo. Se ele
percebe um amigo com um novo irmãozinho ou irmãzinha, fale de
reprodução. Uma coisa que deve permanecer na mente da criança desde o
começo: a certeza que seus pais vão sempre ser honestos e francos com
ele e que isso nunca vai mudar.
Texto: Ana Leite
Fonte: Reab
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