Em Araxá (MG), no Alto Paranaíba, cerca de 10% da população tem alguma deficiência física, de acordo com a Associação de Assistência à Pessoa com Deficiência de Araxá (Fada). Porém, para quem precisa de acessibilidade,
encontra obstáculos nas calçadas, como desnível, buracos e degraus.
Na
Prefeitura, o setor responsável pelas calçadas é o Instituto de
Planejamento e desenvolvimento Sustentável de Araxá (IPDSA). Segundo o
chefe de divisão de meio ambiente, Alex Ribeiro, o cuidado das calçadas é
do próprio morador, e, caso seja um local público, a Prefeitura é quem
deve tomar as providências.
Para o professor Manoel Stefani Furtado, de 25 anos, que é cadeirante,
a acessibilidade tem muito o que evoluir no município e as rampas em
algumas calçadas não bastam.
“Em muitos lugares a rampa está de frente a
uma parede. Acessibilidade vai muito além do que apenas um declive”,
comentou.
Manoel também disse que existem estabelecimentos na cidade que
apesar de terem atendimento prioritário, não há espaço para as cadeiras
de rodas, como bancos e supermercados.
“Há um supermercado que quando
vou pagar minha cadeira não passa no corredor dos caixas. Onde fica a
inclusão nisso? Existe um banco na cidade que tem escadas e quando
preciso de atendimento no andar de cima, tenho que esperar o atendente
descer para me atender”, comentou.
Ele disse ainda que além da fiscalização do poder público, é necessário
que as pessoas e empresários se conscientizem. O promotor de eventos,
Mário Vilaça, de 52 anos, também cadeirante, comentou que já desistiu de
tentar andar na calçada. De acordo com ele, um bom exemplo da falta de
acessibilidade é a passarela da Avenida Ítalo Rossi.
“O local foi feito para pedestres devido ao grande fluxo de carros,
porém não há rampa de acesso para deficientes físicos. Então passo pelas
ruas e muitos motoristas gritam para eu ir para a passarela”, comentou.
Para ele, muitas vezes as próprias rampas de acesso apresentam
problemas. “Devido aos recapeamentos no asfalto começa a existir um
degrau para passar na rampa e é um risco da cadeira virar”, explicou.
]Deficientes visuais também são vítimas de barreiras. O
estudante Sami de Moura, 20 anos, disse que os donos das casas em
reforma não se importam em colocar na calçada entulhos e materiais de
construção.
“Muitas vezes me deparo com portões abertos e o problema se
estende até estabelecimentos comerciais. Não tem como, por exemplo,
lermos o cardápio em um restaurante”, disse.
Para ele, o cardápio em braile seria uma opção para a independência.
“Tenho que pedir para alguém ler para mim e quando não tenho o
necessário para conseguir minha liberdade, não estou sendo incluído”,
comentou.
A bengala é quem guia o estudante Huberto Borges Júnior, de 21 anos.
Ele explicou que os mínimos detalhes podem causar acidentes. “As
lixeiras que não são fixadas na calçadas e sim nas paredes das casas eu
não consigo sentir com a bengala, pois ela me auxilia no chão e muitas
vezes acabo trombando. Algumas lojas colocam produtos no meio da rua,
bares esparramam cadeiras na calçada e ficamos sem espaço para
transitar”, comentou.
Na Prefeitura, o órgão responsável pela notificação de moradores que
deixam entulho na calçada é o Instituto de Planejamento e
desenvolvimento Sustentável de Araxá (IPDSA).
Sobre as reclamações de
entulhos, Alex Ribeiro afirmou que a Prefeitura, assim que recebe a
reclamação, entra em contato com o proprietário da casa solicitando a
retirada do material. “Existe um prazo de uma semana. Depois autuamos
com multa de R$ 150”, explicou.
Em relação aos postes e árvores no meio da calçada, Alex explicou que
esse problema é antigo. “Como Araxá é uma cidade histórica existem
calçadas estreitas que ainda têm árvores ou poste, especialmente no
Centro do município. Então, para mudar isso, teria que tirar postes,
árvores e refazer. Não tem como fazermos nada até porque precisamos de
autorização dos próprios moradores para retirar as árvores por exemplo”,
disse Alex.
Ele explicou ainda que calçadas quebradas em lugares públicos são de
responsabilidade da Prefeitura. Porém, em lugares privados o cuidado
deve ser dos próprios moradores. Ele disse também que todo projeto
comercial passa pelo IPDSA para ser aprovado.
Fonte: G1 Triângulo Mineiro
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