Temos uma grande preocupação com a falta de adesão de profissionais da área
odontológica com especialização no atendimento às pessoas com graves
deficiências.
Nos referimos a situação das pessoas com paralisia cerebral e outras, que enfrentam
com mais dificuldades as barreiras do dia a dia.
Observamos, com frequência, a preocupação e enfoque mais na
acessibilidade arquitetônica, que é o carro chefe das prioridades para todo
esse segmento, mas não vemos nenhuma defesa e preocupação em relação a Lei
Orgânica da Assistência Social, conhecida como LOAS (que é o mínimo de
dignidade e independência econômica), com hospitais públicos especializados em
reabilitação para as pessoas com paralisia cerebral e outras patologias graves.
O resultado disto é a demora no atendimento e, por consequência a perda de um
tempo precioso
na sua reabilitação e inclusão na sociedade.
As entidades responsáveis por esse atendimento especializado
rejeitam estes casos ou tem uma lista de espera de até três anos, no caso do
paciente não ter condições financeiras
de um atendimento pago.
Quando as famílias possuem planos de saúde conseguem
tratamentos em clínicas especializadas, mas essa não é a realidade da grande
maioria das famílias brasileiras.
Entretanto, muitos casos acabam sendo abandonados pelos “médicos” que alegam a estabilidade, a não progressão do paciente, desculpas estas que mais revela a falta de experiência ou interesse dessa classe de profissionais tanto na área pública quanto na particular.
Entretanto, muitos casos acabam sendo abandonados pelos “médicos” que alegam a estabilidade, a não progressão do paciente, desculpas estas que mais revela a falta de experiência ou interesse dessa classe de profissionais tanto na área pública quanto na particular.
Também questionamos os órgãos públicos que não se preocupam com o
tratamento odontológico para pacientes
com paralisia cerebral grave. Aqui na região do ABC paulista algumas
prefeituras mantém em cada cidade, em média, dois especialistas para
atendimentos aos munícipes, mas não atende a demanda, resultando na demora de
atendimentos.
Outras cidades no Brasil são mais carentes ainda destes recursos,
o que obriga as famílias buscarem atendimento em instituições não
governamentais ou em locais longe de suas regiões de origem, passando por
muitas dificuldades.
O cadeirante e pessoas com baixa mobilidade, surdos e cegos, na sua
maioria, conseguem tratamento em consultórios convencionais, mas os de
patologias graves não têm as mesmas chances diante da pouca estrutura, além da
falta de especialização e interesse
dos profissionais para com tal segmento.
Diante deste cenário o futuro destes pacientes é ficarem sem atendimento,
outros correm o risco de terem todos os dentes retirados, prática comum em
entidades que funcionam como depósito de pessoas com deficiência grave – pode
parecer assustador, mas ainda temos “casas”, “escolas” “abrigos” onde pais e
famílias “esquecem” seu ente familiar.
Nossa indignação é que são frustradas nossas tentativas em obter
apoio e cobranças junto aos nossos colegas que lutam pelos direitos das pessoas
com deficiência, pois notamos a falta de interesse e sensibilidade para com
esta parcela do segmento. Claro que não estamos generalizando, mas a grande
maioria desta problemática não aflige por falta de conhecimento de causa.
Outros estão mais interessados em levar sua causa como trampolim para projeção
de cargos públicos e políticos advogando em causa própria, mas não se unindo a
outras demandas.
Acredito que a acessibilidade voltada às vagas reservadas para
estacionar, rampas de acesso, ônibus adaptados, inclusão na educação são sim
muito importantes, mas não isso faz com as pessoas com deficiência grave sejam
menos importantes e, para isso, precisamos de uma visão política de lutas
voltadas a elas também.
Não concordamos com os discursos que excluem, com
frequência, essas pessoas que acabam caindo no esquecimento e invisibilidade
ainda maior que as outras. Ora, essas pessoas de que falamos só são lembradas
no momento das entidades fazerem campanhas de arrecadação. Além das cobranças
de acessibilidade temos o dever moral e ético da solidariedade com outras
necessidades.
No universo das pessoas com deficiência existem várias patologias e, dentro
delas, várias necessidades que dependem de recursos públicos.
A pessoas com
deficiência que consegue alguma projeção no campo profissional ou na política,
via de regra, vem de uma classe mais privilegiada que troca favores entre si.
Aquelas que vêm de uma posição mais pobre, se conseguem, é por pura teimosia e
um esforço sobre-humano para conquistar sua independência econômica e social.
Aos que tem déficit intelectual, tudo depende dos que fazem deles um objeto de
projeção. Outros por causa de alguma posição galgada nos meios sociais se
envaidecem a ponto de se tornarem mais uma estrela querendo brilhar e perdem o
foco das mudanças.
Eu pergunto qual o interesse de alguém que consegue um cargo
de função política querer mudar a ordem das coisas? Ele já conseguiu sua
posição, já está no meio das estrelinhas, já se sente com poder. Quem acha
realmente que esta pessoa vai querer ir contra os políticos e governos, pondo
em risco seus cargos conquistados com tapinhas nas costas e muita bajulação?
Texto: José Deoclécio de Oliveira e Sonia Dezute
Fonte: Blog Deficiente Ciente
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