Weverson voando de parapente |
Essa semana conheci um cadeirante que vive nas alturas, o Weverson, de Alto Jequitibá, no leste de Minas.
O cara pratica parapente. Pratica mesmo, não faz salto duplo não! Ele desenvolveu um "carrinho" adaptado à cadeirinha para ajudar na hora de levantar vôo e pousar.
Eu já tinha visto este tipo de adaptação em vídeos e fotos de pilotos de fora do Brasil, mas não sabia que já tinha gente por aqui fazendo a mesma coisa! Abaixo um relato do Weverson sobre a vida dele, e como começou a voar.
"Tornei-me paraplégico em um acidente de ciclismo. Logo após o acidente, eu andei, mas não podia! Tinha quebrado a coluna, mas não tinha lesionado a medula. Não me lembro do que aconteceu, mas se eu não tivesse me levantado na hora, estava andando hoje.
Fiquei oito meses internado na Santa Casa de BH depois da cirurgia, para estabilizar a coluna, peguei infecção hospitalar, quase morri de novo!
No carrinho adaptado para levantar vôo |
Eu conheci o parapente através de um tio de uma amiga minha que voava, no ano dois mil.
Na época, aqui na cidade onde moro ainda não tinha voo livre, foi ele junto comigo que conseguimos trazer um instrutor e dar cursos para turma.
Eu sempre acompanhei as aulas em um morrote com o pessoal, com isso fui aprendendo e conhecendo o parapente e como ele funcionava, vendo isso vi que meu curso não poderia ser no morrote, tinha que ser em voo, no caso decolando com um piloto e pegando os comandos em voo para aprender pilotar.
O mais difícil foi achar um piloto com coragem na época para me dar o curso, entrei em contatos com os melhores do Brasil na época todos se negaram a me ensinar a voar.
Weverson com os amigos em Alto Jequitibá |
Então, em 2006 conheci o instrutor Marcelo Ratis que acabava de chegar de Califórnia, USA.
Ele se comprometeu a me ensinar a voar, na cidade onde ele morava, em Alfredo Chaves, ES. Fui para lá umas dez vezes e sempre decolava com ele e pilotava o parapente o tempo todo, até conseguir pousar o duplo e tudo mais, só assim um deficiente consegue aprender, com um cara fera que não tem medo de ensinar, e ele é ótimo. Demorou um ano para voar sozinho porque é longe Alfredo Chaves, mais solei!
Eu voava com uma selete com airbag, (a cadeirinha que sentamos) só que ela me jogava em cima das pernas no pouso, aí comecei a ficar com medo de quebrar a perna. Ai comecei a procurar fora do Brasil carrinhos, achei um monte deles, aí fiz o primeiro, depois fui adaptando ele até chegar no que tenho hoje!
Quando quis voar de parapente… Vixi… quanta gente falando que eu era
doido kkk! Isso me deu tanta força para tentar, que hoje agradeço a elas
por terem falado que eu não conseguiria.
Nossa voar… Não tem ninguém que possa descrever ou escrever o que é voar… Nunca ninguém vai conseguir isso! Só voando, sentindo, saindo da terra para poder saber o que é! E para mim que sou paraplégico.
A 1º vez, juro que senti minhas pernas por 5 segundos! Meus amigos morrem de rir quando falo isso, não sei se foi verdade ou não, mais sei que foi a coisa mais louca que me aconteceu! Sair voando solto no ar vendo tudo pequeno lá embaixo… Que doideira kkk!, Senti minha perna sim!!! kkk
Depois veio o meu voo solo! Outra sensação louca na minha vida, mistura de adrenalina, endorfina a 1000 na cabeça que doideiraaaaa! Nesse dia do meu voo solo, um Italiano me disse que eu nunca ia sentir outra sensação igual a essa na minha vida! Ele estava certo! Até hoje não tive outra sensação igual na minha vida! Que orgasmo louco é solar de parapente, que misturas de sentimentos é voar sozinho, ISSO É VIVER A VIDAAAAAAAAAA!!!"
Depoimento:Weverson R. Bezerra. (Evinho)
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