O Brasil será um dos únicos países a promover uma terapia experimental baseada em células-tronco de embriões para combater uma das principais causas de cegueira no mundo.
Os primeiros pacientes com degeneração macular relacionada
à idade deverão começar a receber o tratamento a partir de 2014.
Os
testes clínicos - os primeiros do País com células embrionárias - serão
possíveis devido a uma parceria entre a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e a Universidade do Sul da Califórnia,
nos Estados Unidos.
A novidade é destaque nesta quinta-feira na reunião
da Federação de Sociedades de Biologia Experimental, que ocorre em
Caxambu (MG).
A degeneração macular relacionada à idade é a principal doença
causadora de cegueira entre idosos e costuma afetar maiores de 65 anos.
Testes começarão a ser feitos na tentativa de retroceder o avanço da
doença provavelmente no início do ano que vem, inicialmente em pacientes
atendidos pela Escola Paulista de Medicina da Unifesp.
O método que será aplicado no Brasil pela primeira vez já foi testado
em animais e, com uma abordagem clínica diferente, é testado pela
empresa de biotecnologia Advanced Cell Technology (ACT) desde 2011 nos
Estados Unidos.
No caso americano, porém, a pesquisa tem maior viés
comercial, e os resultados dos ensaios iniciais com humanos não têm sido
revelados com consistência, segundo pesquisadores.
"O projeto que estamos começando a desenvolver aqui foi iniciado lá nos
Estados Unidos há dois anos e meio, mas propomos um método um pouco
diferente", disse ao Terra o oftalmologista Rodrigo Brant, 39 anos,
pesquisador da Unifesp que estudou o tratamento com células-tronco na
Califórnia.
"Eles injetam a célula no olho (do paciente) para ver o que
acontece: se a célula vai se colocar naquela posição, se vai ter melhora
de visão. É desorganizado. Nós já estamos fazendo essa diferenciação no
laboratório, e a célula cultivada é a que será implantada. É mais
localizado."
Brant explica que o tratamento traz esperança de combate à cegueira
causada pela degeneração macular relacionada à idade e pela doença de
Stargardt, mas não se aplica a todos os casos de perda de visão.
"São
doenças que não têm tratamentos, e isso é algo em que as células-tronco
podem ajudar", acredita o pesquisador.
Os primeiros pacientes a serem
testados com essa técnica serão selecionados entre os já atendidos pela
Escola Paulista de Medicina, mas se o número desejado - 15 - não for
atendido, pessoas atingidas por uma dessas doenças poderão se
candidatar.
"Desenvolvemos todos os estudos pré-clínicos em animais, vimos que
realmente houve eficácia - primeiro em ratos e depois em porcos, que
também apresentaram melhora na visão. Testamos a técnica cirúrgia que
seria usada e, a partir daí, o estudo já foi aplicado nos Estados
Unidos", disse Brant, que participou do desenvolvimento da terapia na
Califórnia.
"Esse trabalho será pioneiro em um tipo de degeneração que é
muito comum. É só um começo, mas o campo de aplicação das
células-tronco é muito alto."
Fonte: Terra
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