15 de ago. de 2013

Casa acessível é segura para crianças, idosos e deficientes


  

No projeto de Robson Gonzales, a bancada com vão livre de 0,73 m permite o encaixe da cadeira de rodas

Por Silvana Maria Rosso

Como ter uma casa que acolha com segurança e acessibilidade tanto às crianças, aos idosos e aos deficientes? A solução de um espaço acessível está no projeto que, ao ser idealizado por um arquiteto ou um designer de interiores, deve considerar as diversas etapas da vida de um ser humano e os variados tipos de usuários, sejam eles moradores ou visitantes, seja um bebê ou um idoso, sejam pessoas com deficiência, com mobilidade reduzida ou não.

Todos têm direito a espaços adaptados e seguros. Segundo define a norma técnica 9050, da ABNT, a acessibilidade é a possibilidade e a condição de alcance, percepção e entendimento para o uso com segurança e autonomia de edificações, espaço, mobiliário, equipamento urbano e elementos.





A área de serviço assinada por Robson Gonzales tem gavetões e prateleiras acessíveis para quem está sentado. E a máquina de lavar com porta frontal permite o uso por cadeirantes. O piso é de material antiderrapante em peças grandes e pouca área

 

O projeto desta cozinha, assinado pela profissional Sandra Perito, previu o tampo da pia ajustável. O forno localiza-se em altura ideal para cadeirantes. E, para o acesso da lava-louças, contabilizou-se a área de manobras para a cadeira de rodas



Na cozinha projetada pela arquiteta Sandra Perito, foram colocados os tampos de diferentes alturas. Note que o módulo com rodízio permite abrir espaço sob a bancada do cooktop para o cadeirante


ABNT 9050 se baseianos conceitos do Desenho Universal, que estabelece parâmetros para o design e a arquitetura, de modo a garantir autonomia e segurança a mais pessoas.


Adotado inicialmente pelos EUA, nos anos 1980, o Desenho Universal surgiu para atender as necessidades não só de cadeirantes, mas de todos aqueles que apresentam necessidades especiais como os deficientes visuais e intelectuais, assim como os idosos e os que usam muletas ou andador.


O Desenho Universal, expressão usada pela primeira vez pelo arquiteto americano Ron Mace, também considera os usuários com deficiência temporária e a diversidade humana e suas características antropométricas e sensoriais.



 Divulgação
Na área do box, as barras dão maior segurança ao morador



“Quando se executa um projeto com base no Desenho Universal, levamos em conta que o ser humano evolui ao longo da vida e suas necessidades e características mudam conforme a faixa etária”, explica a arquiteta Daniela Velloza.

Espaços democráticos


Para que o espaço seja acessível e de uso abrangente, seu dimensionamento deve estar correto. Veja algumas funções que o projeto de arquitetura deve cumprir, segundo os conceitos do Desenho Universal:

- Permitir o acesso e uso confortáveis para os usuários, sentados ou em pé;
- Possibilitar o alcance visual dos ambientes e produtos a todos os usuários, sentados ou em pé;
- Acomodar variações ergonômicas, oferecendo condições de manuseio e contato para usuários com as mais variadas dificuldades de manipulação, toque e pegada;
- Permitir a utilização dos espaços por pessoas com órteses, como cadeira de rodas, muletas, entre outras, de acordo com suas necessidades para atividades cotidianas.


Projeto adequado


No projeto de arquitetura, vários itens de acessibilidade podem ser contemplados. Confira abaixo dicas dos profissionais Daniela Velloza, Robson Gonzales e da arquiteta do Instituto Brasil Acessível, Sandra Perito:

Arquitetura inclusiva


- 0,90 m é a largura mínima de corredores e portas de passagem
- 0,80 m é a largura mínima do vão de outras portas
- 0,80 x 1,20 m é o maior módulo referência pois comporta um cadeirante
- 1,50 x 1,20 m é a área necessária para a rotação de 180 graus de uma cadeira de rodas
- Entre 0,60 m e 1,00 m do piso é a altura média de interruptores e comandos
- 0,50 cm é o desnível máximo permitido
- 0,60 m é a altura máxima para os peitoris de janelas


Decoração inclusiva


- Prefira mesas em geral sem quinas retas e que não sejam de materiais cortantes, evitando acidentes
- 0,73 m é a altura média de mesas de cozinha e/ou jantar
- Escolha sempre estofados e colchões firmes que facilitam a pessoa a se levantar
- 0,46 m é a altura média de camas e estofados
- Evite armários altos
- Use gabinetes com rodízio
- O fogão tipo cooktop permite cozinhar sentado

Banheiro para cadeirantes


- Para a instalação do vaso sanitário, consideram-se as áreas de transferência lateral, perpendicular e diagonal
- Instale as barras de apoio na lateral e no fundo do vaso sanitário que devem ter no mínimo 0,80 m de comprimento mínimo e a 0,75 m do piso acabado
- 1,5 cm é o desnível máximo permitido entre o piso do boxe e do restante do banheiro
- Aplique piso antiderrapante em todo o banheiro
- Os módulos com rodízios embaixo da pia em vez de marcenaria facilitam a retirada, aumentando a circulação de uma cadeira de rodas


Segurança


A arquiteta do Instituto Brasil Acessível, Sandra Perito, elenca alguns dispositivos e soluções que evitam ou alertam para possíveis acidentes:


Para crianças

- Use grade/telas nas janelas
- Instale corrimão com duas alturas para o alcance dos adultos e das crianças
- Não coloque mobiliário perto de janelas para evitar o efeito “escadinha”
- Utilize tapa-tomadas como as cantoneiras plásticas para as quinas de móveis
- Opte por corrediças com amortecedor para as gavetas
- Os armários e gavetas que guardem medicamentos, materiais de limpeza e os talheres devem ser fechados à chave


Para idosos


- Coloque luminária de emergência e luz de balizamento nas áreas de circulação
- Instale sensor de presença nas luminárias em áreas de circulação noturna
- Os abajures devem ser acionados por interruptor
- Use os Interruptores com led
- O topo de degraus ou desníveis devem ter cor contrastante com o piso
- Coloque piso antiderrapante e eliminar o uso de tapetes
- Prefira o mobiliário robusto, pesado e sem quinas retas

 
Fonte: UOL Mulher

Referência: Rede Saci

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