O primeiro transporte de massa por cabo
do país, o teleférico faz parte do PAC e custou R$ 210 milhões, entre
recursos do governo federal e do estado, segundo o Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), foi inaugurado oito meses após a
pacificação do Complexo do Alemão.
Atualmente, apenas dois teleféricos no
mundo são utilizados para transporte de passageiros em comunidades
populares: em Medelín (Colômbia) e Caracas (Venezuela). O modelo do
Alemão terá 152 cabines, todas com acesso para pessoas portadoras de
necessidades especiais, e funcionará das 5h às 23h. No total, serão seis
estações: Adeus, Baiana, Alemão, Alvorada, Palmeiras e Bonsucesso.
Demétrio Martins possui deficiência
física e é usuário de cadeira de rodas, é morador do Morro do Alemão e
possui uma irmã que mora num ponto mais alto ainda chamado favela
Alvorada, uma das 15 que compõem esta comunidade, e disse que nunca
conseguiu chegar lá pela falta de acessibilidade.
Nas kombis que
realizam um serviço de transporte na comunidade, ele é preciso ser
carregado para o interior do automóvel, o que causa grande
constrangimento. “Com o teleférico posso ir direto, ir e voltar
tranqüilo sem depender de ninguém. Eu me sinto mais cidadão”, conta
Demétrio.
Com a mobilidade, famílias que antes
tinham que percorrer longos trajetos para chegar em casa, estão passando
a viver uma nova condição de acessibilidade.
Em muitas localidades do
complexo, só se pode chegar a pé ou de moto, os chamados “moto-táxis”.
Há quem diga que o teleférico pode dar prejuízo para as receitas dos
moto-táxis. Em todo o complexo, existem 12 pontos fixos de serviços de
moto com cerca de 40 moto-táxis em cada. Ou seja, o Alemão tem quase
500 moto-táxis que ajudam a vida de muitos moradores.
Márcio Moura, de 33, morador da
Fazendinha e moto-táxi há 8 anos, contraria as críticas e disse que a
expectativa é de retorno financeiro. O número de viagens não deve cair,
disse. O teleférico servirá como mais um aliado em vez de concorrente.
“O teleférico pode ajudar, vai atrair muito turista. Nós estamos pegando
o pessoal nas estações”, disse.
O novo teleférico no Complexo do Alemão
parece ter se transformado em um verdadeiro parque de diversões para
crianças que resolveram aproveitar as férias escolares e a gratuidade
provisória da passagem para curtir o passeio nas gôndolas e agitar as
estações.
O teleférico é novidade não só para crianças e adultos
moradores do Alemão, como para cariocas e turistas que nunca visitaram
uma favela.
Pela primeira vez no Rio, a bancária
Mariele Colle, de 27 anos, de Santa Catarina, escolheu incluir o Alemão
no seu roteiro turístico. “Achei muito interessante, a vista é bem
diferente.
Sempre tive vontade de conhecer uma favela, quando voltar
para casa vou recomendar”. Comparando com os outros pontos turísticos
como o Pão de Açúcar e o Corcovado, Mariele diz ter achado mais
interessante a idéia de conhecer o Alemão. “Cada um com a sua beleza”.
Fonte: UOL NOTÍCIAS
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