31 de ago. de 2014

Chip cerebral faz com que tetraplégico volte a mexer mão

 


Um tetraplégico americano de 23 anos conseguiu movimentar suas mãos e dedos por meio do pensamento, com a ajuda de um sistema criado por pesquisadores dos Estados Unidos. Ian Burkhart sofreu uma lesão de medula quatro anos atrás e foi o primeiro paciente a utilizar o Neurobridge (“Ponte Neural”, em tradução livre), um sistema que permite que as informações sejam transmitidas diretamente do cérebro para os músculos.


“Nós pegamos os sinais do cérebro, passamos pela lesão e os levamos diretamente para os músculos”, explica Chad Bouton, cientista do centro de pesquisa sem fins lucrativos Battelle e um dos autores do estudo. Outras pesquisas nessa área já haviam utilizado microchips implantados para controlar membros robóticos, ou utilizado computadores para controlar membros paralisados, mas os pesquisadores consideram este feito como algo inédito no ramo.


O paciente teve um microchip menor do que uma ervilha implantado na região do cérebro responsável pelos movimentos do braço, para receber os sinais emitidos pelo órgão. Os sinais são interpretados com ajuda de algoritmos, que enviam instruções para um conjunto de eletrodos colocados no braço do paciente, que estimulam o músculo, provocando o movimento em apenas um décimo de segundo.


Antes de conseguir realizar movimentos nos dedos e girar a mão, Burkhart precisou utilizar os eletrodos no braço por alguns meses para estimular os músculos a voltarem a responder com mais facilidade, depois de um longo período de inatividade.


A colaboração entre a equipe de Bouton e pesquisadores da Universidade do Estado de Ohio, nos Estados Unidos, teve início há dois anos, quando começaram a planejar testes clínicos que comprovariam a viabilidade da tecnologia Neurobridge. 


Em abril deste ano, Burkhart recebeu o implante, em uma operação que durou três horas. De acordo com Ali Rezai, que realizou a cirurgia, esta técnica pode ser utilizada no futuro para casos de derrame e trauma cerebral, além de lesões medulares.


A ideia de um implante cerebral que registrasse os sinais elétricos e os enviasse a um computador também fazia parte dos planos iniciais de Miguel Nicolelis durante o desenvolvimento de seu exoesqueleto, que fez uma breve aparição na abertura da Copa do Mundo, mas o pesquisador acabou optando por eletrodos externos, posicionados na cabeça do paciente. 


A diferença, porém, é que enquanto os estímulos cerebrais são direcionados para mover o exoesqueleto, no caso do neurocientista brasileiro, no trabalho atual os pesquisadores americanos encaminharam as “ordens” do cérebro diretamente para os músculos do paciente.


Fonte: Planeta Sustentável


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