20 de ago. de 2014

Criada cartilha de atendimento a pessoas com deficiência em MG



“Ele economizou dinheiro para comprar o tablet tão sonhado, mas em nenhum momento foi tratado como consumidor”. 


Esse foi o relato de uma mãe que viu o filho tetraplégico sendo mau atendimento por um vendedor de Uberlândia. Depois do ocorrido, a geógrafa Karolina Cordeiro Alvarenga, de 35 anos, resolveu calar a indignação e levar informações para que o caso do Pedro, de oito anos, não se multiplicasse e fizesse parte da “história” de outras pessoas com deficiência.


Karolina Cordeiro contou que Pedro foi diagnosticado nos primeiros anos de vida com Síndrome de Aicardi-Goutières (SAG), doença raríssima que impede os movimentos. 


Devido ao problema, ela disse que já teve outras dificuldades quando o assunto é atendimento, mas disse ter ficado constrangida com a situação vivida na busca pelo aparelho eletrônico.


“Fiquei sem reação ao ver meu filho com o dinheirinho que economizou na poupança querendo adquirir um produto e o lojista nem virar o olhar para ele. Pedro estava sorrindo, mas não teve o sorriso retribuído. Era ele o comprador, não eu. O jeito foi mudar de loja e tentar mais uma vez”, desabafou.


Como Karolina Cordeiro também é fundadora da Ong Angel Hair, ela decidiu não se calar diante o ocorrido e, através do órgão, criou a cartilha “Você é uma pessoa com Eficiência?”, que visa levar informação para o comércio de como atender bem uma pessoa com deficiência. 


“Eu tenho o sonho e o desejo que a sociedade crie novos olhares para com as pessoas com deficiências, que possuem mobilidade reduzida ou até mesmo com os idosos. Fala-se tanto da acessibilidade física, mas e a humana, onde fica?”, indagou.


A idealizadora do projeto contou que a cartilha acabou contemplando outras vivências dela com o filho e que foi embasada em várias pesquisas. Ela define o material como uma quebra de paradigmas, pois a finalidade é chamar atenção para este público consumidor que também tem poder de decisão de compra. 


“A cartilha é ilustrada e será distribuída gratuitamente. Ela tem objetivo de humanização nas relações de consumo da pessoa com deficiência e idosos, pois cada um tem seu tempo. Quando estas pessoas saem de casa, elas já se superaram tanto e, ao adentrar no comércio, no mínimo, elas devem ser recebidas com naturalidade, carinho e atenção”, afirmou.


A cartilha levou três meses para ser criada e a intenção, segundo Karolina Cordeiro, é que o material comece a ser distribuído no próximo mês. 


O material traz dicas, não normas, para como lidar e receber pessoas com deficiências físicas, intelectuais, auditivas, visuais e também idosos. 


“Já estamos fazendo alguns testes e visitando algumas empresas, estas que apoiaram o projeto e até ajudaram na viabilidade da cartilha. Junto com a entrega, acabo dando ‘treinamento’ para os funcionários para que os dizeres no papel sejam reproduzidos na prática e, consequentemente, se tornem produtivos, ou seja, uma via de mão dupla”, ressaltou.


A idealizadora disse ainda que três mil exemplares já foram impressos, mas que a intenção é que mais de 20 mil cartilhas circulem na cidade.


“A ideia é que aos poucos todo o comércio esteja com a cartilha, que serve tanto para o lojista como para o consumidor. O Pedro me inspirou e é por ele acredito num mundo melhor e numa geração de respeito ao próximo”, concluiu.


Fonte: G1

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